Índia avança na corrida hipersônica com motor scramjet a Mach 5

“Uma conquista notável” — foi assim que o ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, classificou o avanço hipersônico alcançado pelo país asiático. Em um feito histórico, a Índia realizou o teste em solo de um motor scramjet — tecnologia essencial para mísseis que podem ultrapassar Mach 5, ou seja, mais de 6.100 km/h — com combustão sustentada por mais de 1.000 segundos, cerca de 16 minutos.
Segundo o portal especializado Bharat Shakti, esse é o mais longo teste de combustão supersônica já feito no país, marcando um novo capítulo no programa de armas hipersônicas da Índia. O feito foi conduzido pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO), com liderança do laboratório DRDL, sediado em Hyderabad.
O que é o motor scramjet?
O scramjet (Supersonic Combustion Ramjet) é um motor que aspira o ar do ambiente e queima combustível em velocidades supersônicas. Isso elimina a necessidade de tanques de oxigênio, tornando o sistema mais leve e eficiente.

Essa tecnologia é crucial para mísseis hipersônicos, pois permite que eles mantenham altíssimas velocidades por longos períodos, o que os torna quase impossíveis de interceptar por defesas convencionais.
Da teoria ao voo real
A DRDO já havia feito um teste bem-sucedido de 120 segundos em janeiro de 2025. O salto para 1.000 segundos de operação indica que o sistema está agora maduro para testes de voo em grande escala.
“O sistema de combustão está pronto para a transição para testes de voo em grande escala”, relata o Bharat Shakti.
Com isso, a Índia se aproxima de um seleto grupo de países com capacidade real de desenvolver e operar mísseis de cruzeiro hipersônicos com tecnologia própria.
Esforço coletivo e orgulho nacional
O presidente do DRDO, Samir V. Kamat, celebrou o feito como um marco da engenharia indiana, destacando o trabalho conjunto entre o governo, universidades e indústrias do país.
Samir V. Kamat, segundo Bharat Shakti, “elogiou a conquista da equipe, elogiando o diretor geral (mísseis e sistemas estratégicos) U. Raja Babu, o diretor do DRDL, GA Srinivasa Murthy, e os cientistas e engenheiros por demonstrarem com sucesso a combustão supersônica por um período sustentado usando tecnologia indiana avançada.”
O reconhecimento também foi direcionado a nomes como U. Raja Babu, diretor geral de mísseis e sistemas estratégicos, e GA Srinivasa Murthy, diretor do DRDL.
Índia quer protagonismo hipersônico
Em um cenário global onde tecnologias hipersônicas se tornaram prioridade estratégica, a Índia busca se posicionar como um player relevante. Esse avanço, segundo analistas citados pelo Bharat Shakti, é um divisor de águas para a capacidade dissuasiva e ofensiva do país.
Mais que um avanço tecnológico, trata-se de uma demonstração de soberania e domínio científico-militar, com efeitos tanto geopolíticos quanto industriais.