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Exército Brasileiro perde 1,7 milhão de seguidores desde a posse de Lula e vê imagem pública abalada

por Noel Budeguer 19/05/2025
Exército Brasileiro perde 1,7 milhão de seguidores desde a posse de Lula e vê imagem pública abalada

Desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a presidência da República em janeiro de 2023, o Exército Brasileiro sofreu uma perda expressiva em sua presença digital. Dados divulgados pela consultoria Bites nesta segunda-feira (19), em matéria publicada pelo O Globo, revelam que a instituição perdeu cerca de 1,7 milhão de seguidores em suas redes sociais oficiais — um reflexo direto do desgaste na percepção pública diante de eventos recentes envolvendo o meio militar.

Instagram concentra maior queda

A análise feita pela Bites incluiu os perfis do Exército no Instagram, X (antigo Twitter), Facebook e YouTube. A maior baixa ocorreu no Instagram, com 1,71 milhão de seguidores a menos. No Facebook, a queda foi de 110.600 seguidores, e no X, 4.800. O único crescimento foi registrado no YouTube, com um acréscimo de cerca de 60 mil inscritos.

O movimento de retração contrasta com os dados das outras Forças Armadas. A Marinha do Brasil teve um crescimento de 14 mil seguidores, enquanto a Força Aérea Brasileira (FAB) avançou 4 mil no período analisado.

Queda coincide com revelações sobre tentativa de golpe

O declínio do Exército nas redes ocorre no mesmo intervalo em que vieram à tona as investigações sobre um plano de golpe de Estado articulado para impedir a posse de Lula. O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncias contra militares ligados às Forças Especiais do Exército, que teriam atuado em parceria com civis e figuras políticas na elaboração de uma ruptura institucional.

Estão entre os denunciados:

  • Wladimir Matos Soares (policial federal);

  • General de brigada Mário Fernandes (reserva);

  • Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;

  • Major Rodrigo Bezerra Azevedo;

  • Major Rafael Martins de Oliveira.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, os envolvidos planejavam invalidar o processo eleitoral e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder por meio de medidas de exceção, incluindo o uso da força militar.

“A tentativa de subverter o regime democrático teve, infelizmente, respaldo entre agentes das Forças Armadas, o que acarreta enorme dano institucional”, afirmou o procurador Paulo Gonet à imprensa.

Contraste com Marinha e Aeronáutica

Embora a denúncia da PGR também tenha atingido o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, o impacto na imagem digital da força naval foi significativamente menor. A Marinha registrou crescimento em suas redes sociais, enquanto o Exército sofreu forte evasão de seguidores.

A Força Aérea Brasileira, por sua vez, manteve uma postura mais institucional ao longo do período e viu seu engajamento crescer discretamente.

Ministério da Defesa também sofre perdas

Outro dado relevante é a redução de 185 mil seguidores nos canais oficiais do Ministério da Defesa, órgão responsável pela supervisão das três Forças. Isso indica que o desgaste não se limita ao Exército, mas reflete uma possível queda de confiança da população nos canais oficiais de comunicação militar.

Análise e possíveis causas

Especialistas ouvidos pelo O Globo e pela Agência Brasil apontam que o envolvimento de oficiais da ativa e da reserva em tramas golpistas abalou a credibilidade da instituição. Além disso, o novo posicionamento político do governo federal, com maior controle sobre a comunicação das Forças Armadas, pode ter contribuído para o afastamento de parte do público que antes via as instituições militares como símbolos de estabilidade.

De acordo com a Bites, os seguidores perdidos pertenciam, em sua maioria, a perfis politicamente engajados e vinculados a um público simpático ao ex-presidente Bolsonaro. Esse grupo, com a frustração das expectativas de ruptura institucional, teria abandonado os canais oficiais do Exército como forma de protesto simbólico.