De militar temporário das FFAA a empresário: desafios e adaptações

Uma questão que sempre gera polêmica ao ser abordada — em especial entre aqueles que conhecem a profissão militar — é a questão da baixa, ou seja, aquele momento que vem após os militares temporários terem concluído o tempo de serviço voluntário máximo de até 8 anos.
A matéria escrita e o vídeo de hoje trazem um pouco desta perspectiva e vivência de um ex-integrante das Forças Armadas, mais ainda, traz um assunto nunca abordado na internet, a questão da diferença entre as classes de temporários e impacto em suas vidas.
Muito provavelmente, a matéria escrita e o vídeo trarão explicações de porque uns se revoltam com as Forças Armadas e com os políticos após a baixa, enquanto outros entendem o momento com naturalidade.
Leia a matéria, assista ao vídeo, deixe seu comentário e sua contribuição para que o momento de “despedida” dos militares temporários, possa ter maior discussão pelos gestores do país com um olhar mais atento a situação relatada.
A BAIXA DO MILITAR TEMPORÁRIO
No momento das baixa, muitos acreditam que deveriam ter maior apoio das Forças Armadas durante a transição para a vida civil e que a classe política também deveria se mobilizar mais em relação ao assunto. Outros, seguem suas vidas e conseguem se adaptar com mais facilidade, embora reconheçam os desafios do processo.
Na conversa com o sargento D. Carvalho — hoje o empresário Daniel Cavalcanti Carvalho — Algumas sugestões pontuais são apresentadas, tanto para o comando militar quanto para o meio político. Tudo como forma de aprimorar o apoio aos temporários em transição. O assunto é abordado de forma didática e transparente.
Ao ingressar na carreira como recruta, o Sargento D. Carvalho galgou cada posto possível até chegar ao topo da carreira previsto para militares temporários oriundos do alistamento. Mesmo com todas as limitações de ascensão inerentes à condição temporária, construiu uma trajetória de disciplina e dedicação exemplar.
Daniel fez parte de um dos batalhões mais operacionais do Exército Brasileiro, o 26º BI paraquedista. Batalhão que faz parte da Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro e possui muitas vezes ordens de ação diretamente enviadas do COTER.
Assim, em nossa conversa, Daniel enfatiza a diferença entre os militares temporários “operacionais” e os militares temporários “administrativos”, solicitando que os tomadores de decisão passem a ter um olhar diferenciado a essa diferença que gera impacto gigante nas vidas daqueles ingressos em cada uma das modalidades.
DESAFIOS E ADAPTAÇÕES DO MILITAR TEMPORÁRIO A NOVA CARREIRA
No caso de Daniel, pela falta de qualificação e experiência para o “mercado de trabalho civil” foram muitas as adaptações e os desafios necessários. Então, foi importante buscar o diploma universitário e relembrar os ensinamentos de liderança aprendidos no quartel, mas utilizá-los de uma forma mais flexíveis, com foco em estratégias de mercado e, principalmente, capacidade de assumir riscos foi necessário. A estabilidade e previsibilidade do quartel deram lugar à necessidade constante de inovação e tomada de decisões arriscadas.
Além disso, a construção de uma nova identidade profissional foi um dos grandes obstáculos. Durante anos, ele foi “o sargento”; depois da baixa, tentou diversas inserções no mercado de trabalho, precisou se reinventar como empresário. Assim, aprendeu desde a gestão financeira até o relacionamento com clientes e parceiros.
O LEGADO DA CARREIRA MILITAR NA VIDA EMPRESARIAL
Apesar dos desafios, muitos valores da carreira das armas foram fundamentais para o sucesso de Daniel como empresário. A disciplina, o comprometimento com a missão, a pontualidade e a resiliência se transformaram em pilares da sua empresa. Outro ponto crucial foi a capacidade de trabalhar sob pressão, algo comum no ambiente militar e extremamente útil no mundo dos negócios.
REFLEXÃO SOBRE A TRANSIÇÃO DA CARREIRA DO MILITAR TEMPORÁRIO
Daniel acredita que o processo de transição poderia ser melhor estruturado, com programas de requalificação, orientação profissional e apoio psicológico. Ele defende que essa etapa final da carreira militar temporária seja encarada como parte do processo formativo do militar, em especial do militar temporário “operacional”, não apenas como uma “despedida”.
A história de Daniel Cavalcanti Carvalho pode inspirar outros militares que, ao darem baixa, enfrentarão o desconhecido. Sua trajetória prova que, com coragem, preparo e adaptação, é possível construir uma nova carreira de sucesso. Ele está disposto a estender ás mãos e repassar tudo aquilo que aprendeu em sua trajetória àqueles que desejam ter uma transição menos desgastante.
Assim como também, está à disposição das Forças Armadas para colaborar com sua experiência para a melhoria do processo de “despedida” dos militares temporários.