Coreia do Norte acelera corrida nuclear com produção anual de 230 kg de urânio: ameaça de bomba atômica reacende alerta global

Em um cenário global onde a busca por energia nuclear é acompanhada de perto por questões de segurança internacional, a Coreia do Norte tem se destacado por suas ações discretas, mas significativas, no campo nuclear.
Segundo a materia do portal ”R7”, imagens divulgadas pela mídia estatal norte-coreana revelaram detalhes inéditos de suas instalações de enriquecimento de urânio, oferecendo uma rara visão das capacidades nucleares do país.
Essas imagens, acompanhadas de análises especializadas, indicam que a Coreia do Norte está ampliando sua produção de urânio enriquecido, material essencial para a fabricação de armas nucleares.
A estimativa de produção anual
De acordo com um estudo publicado pelo Institute for Science and International Security (ISIS), baseado em imagens divulgadas pela mídia estatal norte-coreana, a Coreia do Norte pode estar produzindo cerca de 230 kg de urânio enriquecido por ano.
Essa quantidade é suficiente para fabricar diversas armas nucleares.
O estudo analisou imagens de instalações de enriquecimento de urânio em Kangsong e Yongbyon, permitindo aos especialistas avaliar a capacidade atual das centrifugadoras utilizadas no processo de enriquecimento.
Aplicação militar do urânio enriquecido
A produção de 230 kg de urânio altamente enriquecido por ano representa um avanço significativo para os objetivos militares da Coreia do Norte.
Essa quantidade é suficiente para a fabricação de até nove ogivas nucleares por ano, dependendo do grau de pureza do material e do design utilizado.
Armas nucleares baseadas em urânio enriquecido são particularmente preocupantes porque exigem menos infraestrutura para montagem do que as baseadas em plutônio, tornando sua produção mais difícil de ser detectada por agências internacionais.
Além disso, especialistas em segurança nuclear alertam que a Coreia do Norte pode estar desenvolvendo dispositivos miniaturizados, capazes de serem instalados em mísseis balísticos de médio e longo alcance, o que ampliaria drasticamente o alcance de sua ameaça.
Caso o regime de Kim Jong-un consiga combinar ogivas nucleares funcionais com seus mísseis intercontinentais, como o Hwasong-17, o país se consolidaria como uma potência nuclear plena, capaz de atingir alvos a milhares de quilômetros, incluindo o território continental dos Estados Unidos.
Esse cenário alimenta o temor de uma nova era de dissuasão nuclear instável, especialmente em uma região marcada por tensões históricas e interesses geopolíticos de grandes potências globais.
Detalhes das instalações de enriquecimento
As imagens divulgadas pela mídia estatal norte-coreana mostraram detalhes das instalações de enriquecimento de urânio, incluindo o interior de duas plantas de enriquecimento por centrifugação a gás.
Essas imagens foram divulgadas em diferentes momentos: o primeiro conjunto em setembro de 2024, mostrando o líder Kim Jong-un visitando salões de cascatas de centrifugadoras, e o segundo em janeiro de 2025, com mais imagens de Kim inspecionando outra instalação.
Essas revelações forneceram uma oportunidade única para estudar as instalações de enriquecimento da Coreia do Norte e avaliar a capacidade atual de suas centrifugadoras.
Expansão da capacidade de enriquecimento
O estudo do ISIS concluiu que a Coreia do Norte está expandindo sua capacidade de enriquecimento de urânio e planeja implementar centrifugadoras mais avançadas.
Essa expansão indica uma intensificação dos esforços do regime para ampliar a produção de armas nucleares em massa.
A introdução de centrifugadoras mais avançadas pode aumentar significativamente a eficiência do processo de enriquecimento, permitindo uma produção mais rápida e em maior escala de urânio enriquecido.
Reações internacionais
A comunidade internacional tem reagido com preocupação ao aumento da capacidade nuclear da Coreia do Norte.
Organizações internacionais, como as Nações Unidas, têm condenado os testes nucleares e os lançamentos de mísseis realizados pelo país, considerando-os graves violações das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Essas resoluções proíbem explicitamente que Pyongyang desenvolva ou teste armas nucleares e mísseis balísticos, medidas que têm sido sistematicamente desrespeitadas pelo regime de Kim Jong-un.
Países como os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul têm reforçado suas alianças militares e diplomáticas, intensificando exercícios conjuntos e instalando sistemas antimísseis na região como forma de dissuasão.
Os EUA, por exemplo, mantêm presença militar contínua na Península Coreana e já anunciaram que consideram todas as opções sobre a mesa, caso o programa nuclear norte-coreano avance para níveis ainda mais agressivos.
Além disso, o governo chinês, apesar de ser tradicional aliado da Coreia do Norte, tem demonstrado desconforto com a escalada armamentista, principalmente pelo risco de instabilidade na região e possíveis ondas de refugiados em suas fronteiras.
A Rússia, por sua vez, embora mantenha relações diplomáticas com o regime norte-coreano, também manifestou preocupações quanto ao equilíbrio estratégico da Ásia, pedindo “moderação” a todas as partes envolvidas.
A pressão econômica também se intensificou, com sanções que restringem o acesso da Coreia do Norte a mercados financeiros, combustíveis e tecnologia sensível, embora especialistas indiquem que o país tem buscado driblar as restrições por meio de redes ilícitas e apoio externo velado.
Essas reações evidenciam o crescente isolamento de Pyongyang no cenário internacional, ao mesmo tempo em que revelam a dificuldade da comunidade global em conter os avanços de um regime disposto a manter sua capacidade de dissuasão nuclear a qualquer custo.
Perspectivas futuras
O futuro do programa nuclear da Coreia do Norte permanece incerto.
Embora o país tenha demonstrado interesse em negociações diplomáticas, especialmente com os Estados Unidos, as tensões persistem devido às diferenças fundamentais sobre questões como o levantamento de sanções e a desnuclearização.
Especialistas indicam que, sem avanços significativos nas negociações, a Coreia do Norte pode continuar a expandir suas capacidades nucleares, o que pode ter consequências duradouras para a segurança e estabilidade regional e global.