Com foco militar, China lança satélites para bater de frente com Starlink e impulsionar exército dominado por drones e IA

A China lançou nesta terça-feira (29) o terceiro grupo de satélites de comunicação do projeto Guowang, um passo estratégico para rivalizar com a constelação Starlink, dos Estados Unidos. O objetivo vai além do mercado civil: os satélites também atenderão às demandas militares do país, especialmente no suporte a drones e sistemas autônomos que exigem conexão constante com a internet.
Segundo o jornal Militarnyi, “este lançamento se tornou bastante significativo para a China, pois dará ao país a oportunidade de competir com os Estados Unidos em tecnologias de comunicação constantes – tanto para fins militares quanto no mercado civil”. O movimento reforça o avanço chinês na disputa pela dominância das comunicações em órbita baixa da Terra.
Lançamento em Hainan
O lançamento foi realizado às 4h10 (horário de Pequim), a partir do Centro Espacial de Wenchang, na província de Hainan. Um foguete Longa Marcha 5B, equipado com um estágio superior Yuanzheng-2 (Expedição-2), colocou com sucesso os satélites na órbita predefinida, conforme informou o China Daily.

Essa foi a 573ª missão da família de foguetes Longa Marcha e, segundo o veículo estatal chinês, marca mais um passo na montagem da constelação de internet da China, que busca fornecer cobertura global semelhante à oferecida pela Starlink, da SpaceX.
Relevância militar
A dimensão militar do lançamento é particularmente importante. A rápida modernização das Forças Armadas chinesas depende cada vez mais de sistemas não tripulados – como drones de combate, veículos terrestres autônomos e sensores remotos – todos exigindo conectividade confiável e de baixa latência.
“Este sistema de comunicação é importante para as Forças Armadas chinesas”, destacou o Militarnyi, “já que o país está rapidamente equipando suas tropas com sistemas não tripulados que exigem uma conexão com a internet para funcionar”.
Confronto espacial no horizonte
Além da expansão da constelação Guowang, há sinais crescentes de que a China também está investindo em capacidades de guerra espacial. A Força Espacial dos Estados Unidos relatou recentemente a detecção de cinco objetos espaciais chineses operando de forma coordenada, realizando manobras desconhecidas.
De acordo com o Militarnyi, os objetos envolvem “três satélites experimentais Shiyan-24C e dois objetos espaciais Shijian-6 05A/B”. Embora o propósito dessas manobras não tenha sido oficialmente declarado, o Comando Espacial americano sugeriu que a China estaria testando cenários de combate entre satélites.
Corrida por influência em órbita baixa
O investimento chinês na construção de constelações de comunicação, somado à prática de técnicas de guerra espacial, evidencia a crescente militarização da órbita baixa da Terra. A disputa entre China e Estados Unidos já não se limita ao campo tecnológico e comercial: ela também se projeta como um fator crítico na geopolítica do futuro.
A China, segundo o China Daily, está empenhada em expandir sua presença no espaço e “aumentar sua influência na órbita baixa da Terra”. Esse movimento reposiciona Pequim como um ator central na nova corrida espacial – agora digital, estratégica e militarizada.