A corrida armamentista que pode redefinir a supremacia militar global e mudar o rumo das guerras futuras: os EUA se preparam para testes de mísseis hipersônicos que podem transformar as batalhas do futuro

O Exército dos Estados Unidos está programando para dezembro de 2025 um teste crucial do Long-Range Hypersonic Weapon (LRHW), um dos sistemas de mísseis mais avançados que o país está desenvolvendo.
Essa arma, que pode atingir velocidades superiores a Mach 5, está sendo considerada uma prioridade no desenvolvimento de novas tecnologias para enfrentar as ameaças globais, especialmente as de China e Rússia, que também estão investindo pesadamente em armamentos hipersônicos.
A perspectiva de um teste bem-sucedido em dezembro é um passo significativo para o programa, que já enfrentou diversos desafios desde o início.
Segundo a matéria do portal americano ”Defense News”, o LRHW, projetado para ser lançado a partir de plataformas terrestres, faz parte de um esforço conjunto das forças armadas dos EUA para desenvolver armas de última geração que possam ser implantadas rapidamente.
O objetivo é garantir que os militares norte-americanos possam enfrentar e superar as capacidades hipersônicas de adversários como a China e a Rússia, que têm se tornado grandes concorrentes no campo das armas de alta velocidade e difícil detecção.
Histórico do LRHW e os desafios do desenvolvimento
O desenvolvimento do LRHW foi marcado por uma série de atrasos, com o Exército e a Marinha dos EUA enfrentando dificuldades técnicas durante a fase de testes do corpo de planagem hipersônico (HGV), que é a peça central dessa tecnologia.
Esse desenvolvimento conjunto exigiu a colaboração entre diversas agências, mas as dificuldades técnicas e a necessidade de mais testes atrasaram a entrega do primeiro lote de mísseis para as tropas.
Em 2021, a unidade 1st Multidomain Task Force, do 5º Batalhão de Artilharia de Campanha, 3ª Brigada de Artilharia, localizada na Joint Base Lewis-McChord, no estado de Washington, recebeu os equipamentos necessários para o sistema, mas não obteve as ogivas para os testes esperados.
A entrega inicial dos mísseis estava prevista para o outono de 2023, mas o atraso nos testes impediu que o cronograma fosse cumprido.
Apesar desses obstáculos, as autoridades do Exército dos EUA permanecem otimistas.
O General Frank Lozano, responsável pelo programa, afirmou que a primeira unidade a receber o mísseis hipersônicos estará equipada até o meio de 2025 e que os testes de campo em dezembro incluirão a integração dos soldados na operação real da tecnologia.
Para isso, será realizado um teste com mísseis em dezembro, envolvendo a unidade treinada, utilizando os mísseis que ainda estão sendo produzidos.
Avanços no programa: colaborações com a indústria
A colaboração com empresas de tecnologia de ponta é um dos fatores essenciais para o sucesso do LRHW.
A Lockheed Martin, uma das gigantes do setor de defesa, tem sido a principal integradora de armas para o sistema, coordenando o desenvolvimento dos mísseis a partir de suas instalações em Courtland, Alabama.
A Leidos, através de sua divisão Dynetics, é responsável pela fabricação do corpo de planagem hipersônico comum, que será fornecido tanto ao Exército quanto à Marinha dos EUA.
Com a ajuda dessas parcerias industriais, o desenvolvimento do sistema tem avançado, e a entrega das ogivas hipersônicas está mais próxima da realidade.
As primeiras unidades do sistema LRHW começam a chegar à base de treinamento em Washington, mas a integração completa do sistema só será possível quando os mísseis começarem a ser entregues para operações.
A Lockheed Martin tem trabalhado para otimizar a produção das ogivas e tornar o processo mais eficiente, uma vez que essas armas são extremamente caras, e o Exército busca maximizar a utilização de cada unidade para evitar desperdício de recursos em um cenário de orçamento apertado.
Importância estratégica: correndo contra o tempo
Enquanto o Exército dos EUA finaliza os detalhes de seus testes e começa a distribuir os mísseis para as tropas, a corrida armamentista com a China e a Rússia no campo das armas hipersônicas é cada vez mais acirrada.
Os dois países já estão realizando testes de mísseis hipersônicos com sucesso e têm investido massivamente em pesquisas para ampliar a capacidade de defesa e ataque com tecnologias ainda mais avançadas.
Armas hipersônicas possuem velocidades superiores a Mach 5, o que significa que podem atingir mais de 3.800 milhas por hora (cerca de 6.100 km/h).
Além disso, sua principal vantagem está na capacidade de manobra, tornando-as extremamente difíceis de detectar e interceptar com os sistemas de defesa tradicionais.
Isso torna as armas hipersônicas uma ferramenta poderosa para o futuro das forças armadas globais.
Os testes realizados no Pacific Missile Range Facility, no Havai, em maio de 2024, marcaram um avanço crucial para o Exército, pois mostraram que o LRHW tem um desempenho promissor em simulações de voo e lançamentos reais.
A confiabilidade da tecnologia está em constante evolução, e o Exército dos EUA está determinado a superar qualquer obstáculo restante antes de sua implementação plena.