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Taurus entra na guerra com drone armado e fuzis de elite: ‘Amanhã seremos fornecedor militar’, diz CEO

por Sérvulo Pimentel 02/04/2025
Taurus entra na guerra com drone armado e fuzis de elite: ‘Amanhã seremos fornecedor militar’, diz CEO

A Taurus, gigante brasileira das armas leves, famosa por suas pistolas, está virando o jogo. Na feira LAAD, no Rio, a empresa gaúcha mostrou um drone com fuzil acoplado, fuzis de precisão, metralhadoras pesadas e até um lança-granadas. É a aposta da marca para dominar o lucrativo mercado militar global, em meio a guerras como Ucrânia e Oriente Médio.

“Agora é decisão, não é mais projeto. Amanhã seremos um fornecedor militar”, avisa Salesio Nuhs, CEO da Taurus, em entrevista ao The Gun Trade.

Drone assassino: o “TAS”

O protótipo apresentado é um quadricóptero gigante equipado com o fuzil T4 da Taurus — mas a ideia é que carregue até metralhadoras .50, calibre usado para derrubar helicópteros. A inspiração veio da guerra na Ucrânia, onde drones pequenos com granadas estão virando arma padrão.

“É uma aposta baseada no que vemos nos campos de batalha”, diz o Jornal de Brasília. O projeto, chamado TAS (Tactical Air Soldier), foi desenvolvido com uma fabricante brasileira de drones do agronegócio.

TAS (Tactical Air Soldier): o drone quadricóptero da Taurus equipado com fuzil T4, apresentado na feira LAAD como parte da nova estratégia da empresa para o mercado militar de defesa. (Foto: Divulgação/ Taurus)

Fuzis turbinados e metralhadoras

A linha militar da Taurus inclui:

  • Novo T4 com pistão (mais preciso e durável).
  • T10 com cano de 16 polegadas (7,62mm, ideal para sniper).
  • Submetralhadora RPC (leve e com alta cadência de tiro).
  • Pistola TX9 (nova plataforma para forças especiais).

E tem mais: protótipos de metralhadoras Minimi (5,56mm e 7,62mm) e estudos para uma .50 BMG — a mesma das metralhadoras pesadas dos EUA.

Divulgação/Taurus

Turquia na mira

Para acelerar o salto militar, a Taurus quer comprar uma empresa turca — a Mertsav —, líder em armas de defesa. A Turquia virou potência no setor, com fabricantes como a Canik, que já compete no Brasil.

“Uma aquisição reduziria de 8 para 3 anos o tempo de lançamento”, revela Nuhs ao The Gun Trade. O negócio deve fechar até julho.

Índia e Arábia Saudita

A Taurus já vende pistolas na Índia e disputa uma megalicitação de 425 mil fuzis para o exército local. Na Arábia Saudita, planeja uma fábrica em joint-venture para produzir armas pesadas.

“Precisamos de um comprador. Não há mercado civil lá, só militar”, diz o CEO sobre os sauditas.

Crime vs. Estado

Enquanto a Taurus avança, o governo alerta: “O crime organizado está usando alta tecnologia”, disse o ministro Lewandowski na LAAD. O governador do RJ, Cláudio Castro, revelou que 90% dos 732 fuzis apreendidos em 2024 vieram dos EUA via fronteiras.

A Taurus, que viu seu lucro cair 50% em 2023, agora aposta tudo no setor militar. E o mundo, cheio de guerras, parece um cliente perfeito.