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Submarino alfa de titânio da marinha pode deixar de ser furtivo: nova geração de sensores russos e chineses ameaça invisibilidade total dos gigantes nucleares americanos nos oceanos

por Alves 11/04/2025
Submarino alfa de titânio da marinha pode deixar de ser furtivo: nova geração de sensores russos e chineses ameaça invisibilidade total dos gigantes nucleares americanos nos oceanos

O sigilo absoluto que por décadas definiu a operação dos submarinos da Marinha dos Estados Unidos está em xeque. Considerados pilares da dissuasão nuclear, esses veículos submersos — especialmente os submarinos de mísseis balísticos da classe Columbia e os de ataque da classe Virginia — podem estar à beira de perder sua principal vantagem estratégica: a furtividade. Tecnologias emergentes como inteligência artificial, sensores hiperespectrais e drones submarinos estão sendo desenvolvidas por adversários como China e Rússia com o objetivo de detectar embarcações que até então eram virtualmente indetectáveis.

Historicamente, os submarinos nucleares norte-americanos foram projetados para operar “no silêncio das profundezas”, com níveis de ruído tão baixos que, segundo especialistas, podem ser comparados ao som emitido por um “golfinho bebê”. Essa furtividade sempre foi fundamental para a capacidade dos EUA de conduzir ataques com mísseis Tomahawk e manter uma retaliação nuclear garantida, mesmo em caso de primeiro ataque inimigo. Contudo, essa vantagem está sendo ameaçada por inovações que podem alterar radicalmente a guerra submarina.

Entre os principais riscos estão redes de hidrofones instalados no fundo do mar, capazes de rastrear emissões acústicas mínimas. O problema é ainda mais sério considerando que submarinos, mesmo os mais avançados, deixam rastros químicos e emitem radiação que, com ferramentas adequadas, podem ser detectados por sistemas de monitoramento cada vez mais sensíveis.

No Place to Hide for the U.S. Navy: End of Submarine Stealth? - 19FortyFive

Sistemas no fundo do mar, drones espiões e sensores avançam e ameaçam o sigilo submerso dos EUA

Especialistas também alertam para o avanço de sensores como o Lidar e detectores de anomalias magnéticas. Embora ainda limitados no ambiente subaquático e caros para operar em larga escala, esses recursos têm potencial de se tornar ferramentas eficazes de detecção com os avanços esperados nas próximas décadas. Além disso, veículos autônomos submersíveis — como o Robo-Shark chinês — já estão sendo desenvolvidos com capacidade de replicar o funcionamento de bóias sonar e até realizar ataques coordenados em enxames.

Rose Gottemoeller, ex-vice-secretária-geral da OTAN, afirmou que “a divagação dos submarinos será difícil de sustentar, já que a detecção de todos os tipos, em vários espectros, dentro e fora da água se torna mais onipresente e a disputa contínua entre furtividade e detecção está se tornando cada vez mais volátil à medida que essas novas tecnologias ameaçam derrubar o equilíbriode acordo com o IEEE Spectrum. Caso isso aconteça, os EUA poderão ver um de seus principais trunfos militares se tornar obsoleto, exigindo uma reinvenção total de suas estratégias de guerra submarina.

Submarinos da classe Columbia, projetados para operar por 60 anos, representam investimentos bilionários — cada um custa cerca de US$ 2,8 bilhões. A perda de furtividade colocaria em risco não apenas essas embarcações, mas toda a doutrina de dissuasão e ataque estratégico norte-americana, especialmente em regiões altamente disputadas como o Indo-Pacífico.

Detecção submarina se aproxima de nova era e pode redefinir equilíbrio nuclear global

Outro aspecto crítico citado por analistas é o impacto geopolítico dessas tecnologias. Se submarinos norte-americanos deixarem de ser invisíveis, a doutrina da destruição mútua assegurada, que garante estabilidade entre potências nucleares, pode ser desestabilizada. Um submarino “detectável” perde seu poder de retaliação invisível, o que, em cenários de guerra, pode gerar desequilíbrio e incentivos perigosos a ataques preventivos.

Apesar dos avanços chineses e russos estarem ainda a uma ou duas décadas de representar uma ameaça real, a Marinha dos Estados Unidos e suas agências de inteligência acompanham de perto o progresso tecnológico dos rivais. Especialistas apontam que é essencial investir desde já em contra-medidas, modernização furtiva e novas doutrinas operacionais que considerem um futuro onde o silêncio submarino talvez não seja mais absoluto.

A informação foi divulgada por “19fortyfive”, portal norte-americano especializado em segurança, defesa e política internacional. O alerta foi publicado em artigo assinado por Brent M. Eastwood, doutor em ciência política e ex-oficial da infantaria do Exército dos Estados Unidos.

Estados Unidos ainda lideram guerra submersa, mas futuro exige novas soluções tecnológicas

Enquanto isso, os EUA seguem com a vantagem tecnológica em guerra submarina. No entanto, como aponta o relatório, essa liderança não é garantida para sempre. O avanço simultâneo de inteligência artificial, drones autônomos, sensores quânticos e sistemas de monitoramento de profundidade deve acelerar nos próximos anos, exigindo respostas urgentes e eficazes.

O novo paradigma da guerra subaquática coloca pressão sobre os fabricantes de defesa, analistas de segurança e decisores políticos. A supremacia que garantiu à Marinha dos Estados Unidos décadas de domínio silencioso pode estar prestes a ser desafiada — e, com ela, toda a estratégia de dissuasão global baseada na capacidade de atacar em qualquer lugar, a qualquer momento”.