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Rússia ameaça retaliar qualquer missão de paz europeia na Ucrânia, Medvedev diz que soldados enviados “voltarão em caixões”

por Bruno Teles 18/04/2025
Rússia ameaça retaliar qualquer missão de paz europeia na Ucrânia, Medvedev diz que soldados enviados “voltarão em caixões”

O ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, declarou que qualquer soldado europeu enviado à Ucrânia, mesmo em missão de paz, voltará para casa “em um caixão”. A ameaça reacende tensões em torno da guerra e escancara a resistência de Moscou à presença ocidental próxima de suas fronteiras.

A iniciativa de França e Reino Unido prevê o envio de tropas para atuar na Ucrânia após um eventual cessar-fogo. A coalizão reuniria até 15 países para apoiar Kiev com missões de vigilância, policiamento e apoio logístico. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a Rússia não tem poder de veto sobre decisões soberanas ucranianas.

Já o ministro da Defesa britânico, John Hiley, esclareceu que as tropas não seriam “forças de paz tradicionais”, mas atuariam em apoio direto ao Exército ucraniano.

Por que a Rússia rejeita tropas estrangeiras na Ucrânia?

Segundo analistas, o Kremlin teme três fatores principais:

  1. Expansão ocidental na fronteira da Rússia
    Tropas europeias na Ucrânia representariam, mesmo sem OTAN, uma consolidação física da influência ocidental.
  2. Monitoramento próximo das ações militares russas
    Qualquer contingente em campo teria “olhos e ouvidos” próximos demais dos movimentos da Rússia.
  3. Perda simbólica de controle
    Permitir essa presença seria admitir, ainda que de forma velada, uma derrota estratégica no quintal geopolítico russo.

Além disso, há o receio de que a missão sirva como pretexto para envio de mais armas ao exército ucraniano.

Medvedev ataca diretamente o plano europeu

Medvedev, hoje membro do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que os países ocidentais estariam “negociando a quantidade de caixões” que aceitariam receber. A retórica foi intensificada após reuniões entre EUA e Europa para formar uma “coalizão dos dispostos”, encarada por Moscou como intervenção direta.

A diplomacia russa mantém tom duro

Alexander Grushko, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, declarou que qualquer presença militar ocidental será tratada como alvo militar legítimo. Segundo ele, as consequências seriam “inevitáveis”.

A posição russa escancara o impasse: enquanto europeus veem a missão como caminho para a paz, Moscou enxerga como agressão disfarçada.