Rússia ameaça retaliar qualquer missão de paz europeia na Ucrânia, Medvedev diz que soldados enviados “voltarão em caixões”

O ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, declarou que qualquer soldado europeu enviado à Ucrânia, mesmo em missão de paz, voltará para casa “em um caixão”. A ameaça reacende tensões em torno da guerra e escancara a resistência de Moscou à presença ocidental próxima de suas fronteiras.
A iniciativa de França e Reino Unido prevê o envio de tropas para atuar na Ucrânia após um eventual cessar-fogo. A coalizão reuniria até 15 países para apoiar Kiev com missões de vigilância, policiamento e apoio logístico. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a Rússia não tem poder de veto sobre decisões soberanas ucranianas.
Já o ministro da Defesa britânico, John Hiley, esclareceu que as tropas não seriam “forças de paz tradicionais”, mas atuariam em apoio direto ao Exército ucraniano.
Por que a Rússia rejeita tropas estrangeiras na Ucrânia?
Segundo analistas, o Kremlin teme três fatores principais:
- Expansão ocidental na fronteira da Rússia
Tropas europeias na Ucrânia representariam, mesmo sem OTAN, uma consolidação física da influência ocidental. - Monitoramento próximo das ações militares russas
Qualquer contingente em campo teria “olhos e ouvidos” próximos demais dos movimentos da Rússia. - Perda simbólica de controle
Permitir essa presença seria admitir, ainda que de forma velada, uma derrota estratégica no quintal geopolítico russo.
Além disso, há o receio de que a missão sirva como pretexto para envio de mais armas ao exército ucraniano.
Medvedev ataca diretamente o plano europeu
Medvedev, hoje membro do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que os países ocidentais estariam “negociando a quantidade de caixões” que aceitariam receber. A retórica foi intensificada após reuniões entre EUA e Europa para formar uma “coalizão dos dispostos”, encarada por Moscou como intervenção direta.
A diplomacia russa mantém tom duro
Alexander Grushko, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, declarou que qualquer presença militar ocidental será tratada como alvo militar legítimo. Segundo ele, as consequências seriam “inevitáveis”.
A posição russa escancara o impasse: enquanto europeus veem a missão como caminho para a paz, Moscou enxerga como agressão disfarçada.