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Relatório revela arsenal iraniano com drones e foguetes de até 2.500 km de alcance que podem varrer as 60 bases militares dos EUA no Oriente Médio; general avisa: ‘EUA estão em casa de vidro’

por Sérvulo Pimentel 02/04/2025
Relatório revela arsenal iraniano com drones e foguetes de até 2.500 km de alcance que podem varrer as 60 bases militares dos EUA no Oriente Médio; general avisa: ‘EUA estão em casa de vidro’

O presidente Donald Trump elevou a tensão no já incandescente Oriente Médio. Em declarações explosivas, o presidente dos EUA ameaçou o Irã com “bombardeios como eles nunca viram antes” caso Teerã não aceite um novo acordo nuclear. “Se eles não fizerem um acordo, haverá bombardeios”, disse Trump em entrevista à NBC News, conforme reportado pelo UOL em 30 de março. 

A resposta iraniana veio em tom de indignação, acusando Trump de violar a carta da ONU e alertando que “violência traz violência”, conforme noticiou o The Guardian. Em meio à escalada verbal, a agência russa Sputnik joga luz sobre o poderio bélico iraniano, detalhando mísseis e drones capazes de “varrer” do mapa as numerosas (são 60) bases americanas na região.

Arsenal iraniano

O que muitos analistas apontam é que o Irã não está indefeso diante das ameaças americanas. De acordo com informações da agência Sputnik, o país possui um arsenal de mísseis e drones capaz de “varrer as bases dos EUA no Oriente Médio do mapa”.

EUA ameaçam ataque ao Irã, mas mísseis de Teerã podem atingir 60 bases americanas. Na imagem, Irã lança centenas de mísseis balísticos contra Israel. (Foto: Agência de Notícias Iraniana)

“Os EUA têm mais de 60 bases, guarnições e instalações compartilhadas espalhadas pelo Oriente Médio, desde a Atividade de Apoio Naval no Bahrein até a Base Aérea de Al Udeid. Em caso de guerra, tudo estaria ao alcance dos mísseis e drones do Irã”, destaca o veículo russo.

Entre as armas apontadas pela Sputnik estão mísseis balísticos como o Khorramshahr, com alcance de 2.000 km e capacidade de transportar ogivas de 1.800 kg, além de drones como o Shahed 149, capaz de percorrer 2.500 km carregando até 500 kg em bombas.

O poder de fogo iraniano que preocupa os EUA

O Irã possui mísseis balísticos e drones de longo alcance capazes de atingir alvos em todo o Oriente Médio. Segundo o Sputnik, entre os mais perigosos estão:

  • Qiam-1/2: Alcance de 1.000 km, ogiva de 750 kg.
  • Kheibar Shekan: 1.450 km de alcance, projetado para penetrar defesas antimísseis.
  • Khorramshahr: Pode carregar múltiplas ogivas (MIRV) e atingir alvos a 2.000 km.

Além disso, os mísseis de cruzeiro Abu Mahdi (1.000 km) e Paveh (1.650 km) oferecem precisão letal contra instalações estratégicas.

Drones que desafiam as defesas americanas

A frota de drones iranianos é outra ameaça. O Shahed 149, por exemplo, tem alcance de 2.500 km e pode carregar 13 bombas de 500 kg cada. Já o Mohajer-6 (2.400 km) é usado para ataques de precisão, como os que já atingiram alvos na Arábia Saudita e no Iraque.

Negociações indiretas

Apesar da escalada verbal, canais de comunicação continuam abertos. Trump enviou uma carta ao Irã propondo negociações por meio do enviado diplomático dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou a posição de seu país: “Negociações diretas (com os EUA) foram rejeitadas, mas o Irã sempre esteve envolvido em negociações indiretas, e agora também”, conforme citado pelo UOL.

Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores iraniano, confirmou que o país respondeu à carta de Trump através de intermediários em Omã, mas ressaltou que “negociações diretas não são possíveis enquanto os EUA continuarem a ameaçar e intimidar o Irã”.

Geografia e estratégia: por que o Irã é um inimigo difícil

Além do poder de fogo, a Sputnik destaca que “o potencial do Irã também se resume a duas vantagens estratégicas: geografia e determinação”.

“O acesso permanente às costas do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã significa que, em tempos de guerra, o Irã pode dominar as águas ao redor do Estreito de Ormuz, o ponto de estrangulamento estratégico por onde passa 30% do comércio mundial de petróleo”, explica.

A Cordilheira de Zagros, que abrange o sudoeste do país, constitui uma barreira natural que abriga “muitas bases subterrâneas de mísseis e locais de defesa aérea situados em instalações montanhosas reforçadas”.

O General Amir Ali Hajizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, resumiu o dilema: “Alguém em casas de vidro não atira pedras em ninguém. Os americanos têm pelo menos 10 bases com 50.000 soldados na região, o que significa que eles estão sentados em uma casa de vidro”.

“Não temos medo, mas retaliaremos”

O líder supremo Ali Khamenei minimizou as ameaças de Trump, mas avisou: “Se houver um ataque, a resposta será firme”, relata o The Guardian. Enquanto isso, o governo mantém a porta aberta para negociações indiretas, desde que os EUA suspendam as ameaças.