Novo radar militar da FAB desenvolvido no Brasil detecta aeronaves ilícitas a baixas altitudes e reforça a vigilância aérea e marítima em um raio de até 3 mil quilômetros
Durante a LAAD 2025, um marco significativo para a indústria de defesa nacional foi registrado com a assinatura de um contrato entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a empresa IACIT para o desenvolvimento do radar OTH 0200 Skywave. Trata-se de um sistema over-the-horizon (OTH), capaz de rastrear alvos a até 3.000 quilômetros de distância, utilizando tecnologia que reflete sinais de rádio na ionosfera, permitindo monitoramento muito além da linha do horizonte geográfico.
O radar Skywave será totalmente produzido no Brasil, utilizando tecnologia nacional. Seu desenvolvimento representa um avanço estratégico na capacidade de vigilância aérea e marítima da FAB, sobretudo na região do Atlântico Sul — área geopolítica vital para os interesses brasileiros, tanto por suas riquezas naturais quanto por suas rotas comerciais e plataformas de petróleo. O equipamento também reforça a postura do país em buscar autonomia tecnológica no setor de defesa.
A formalização do acordo contou com a presença de importantes autoridades da aviação militar brasileira, incluindo o Comandante da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, além do Diretor Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro Maurício Medeiros, e do presidente da CISCEA, Brigadeiro-General Alexandre Massena Javoski. A cerimônia reforçou o compromisso do Brasil em investir em tecnologias críticas de interesse estratégico nacional.
A IACIT, empresa sediada em São José dos Campos e com longa experiência em guerra eletrônica, radares e sistemas de navegação, será responsável pelo desenvolvimento técnico e fabricação do Skywave. A companhia consolida-se, com esse projeto, como uma das principais fornecedoras nacionais de soluções de defesa. O radar usará ondas de rádio de baixa frequência refletidas na ionosfera, superando obstáculos físicos e a curvatura da Terra — um diferencial essencial em relação aos radares convencionais.
A nova tecnologia permitirá à FAB detectar aeronaves, embarcações e objetos voando a baixas altitudes em regiões não cobertas por sistemas tradicionais. Isso inclui ameaças como aeronaves envolvidas no tráfico internacional que voam rente ao solo para escapar da detecção. A capacidade de operação contínua mesmo sob condições meteorológicas adversas e em ambientes com forte ruído eletromagnético também amplia a eficácia operacional do sistema.
A região de atuação prioritária do radar será o Atlântico Sul, incluindo a chamada Amazônia Azul — área marítima com mais de 4,5 milhões de km² sob jurisdição brasileira. Essa faixa abriga importantes zonas de pesca, plataformas de petróleo e gás e vastas riquezas minerais, sendo considerada estratégica para a soberania e o desenvolvimento econômico do país. O Skywave permitirá o monitoramento constante dessas áreas, com integração em tempo real ao SISDABRA e ao CINDACTA.
Além da vigilância aérea e marítima, o radar Skywave será uma peça-chave no controle do tráfego aéreo e no apoio a missões de interceptação, patrulhamento e escolta. O sistema também contará com estações terrestres de transmissão e recepção, além de centros de operação remota, garantindo flexibilidade, segurança e redundância para as operações militares. Toda a infraestrutura será conectada aos sistemas de comando e controle da FAB.
Segundo a FAB, o projeto Skywave representa uma vitória da engenharia nacional e uma prova do potencial tecnológico brasileiro no setor de defesa. A nacionalização do radar não só reduz a dependência de fornecedores externos, como também promove geração de empregos qualificados e capacitação de mão de obra especializada no Brasil. Além disso, posiciona o país entre os poucos do mundo com capacidade de operar radares OTH com tecnologia própria.
A informação foi divulgada por “Valdemar Medeiros” – portal CPG e complementada com dados públicos disponíveis em comunicados da FAB, da IACIT e da LAAD 2025. O radar Skywave se junta a um seleto grupo de tecnologias que integram os pilares da defesa estratégica nacional, com aplicações que vão muito além da vigilância, abrangendo também a segurança energética, marítima e aeroespacial do Brasil.