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Um general vive como rei? Entenda por que o salário deles está dividindo opiniões nas redes

por Rafael Cavacchini 14/04/2025
Um general vive como rei? Entenda por que o salário deles está dividindo opiniões nas redes

Quanto ganha um general no Brasil?

Recentemente, viralizou nas redes sociais um debate sobre a remuneração dos militares mais bem pagos do país, os Generais. Muitas pessoas questionaram se os generais ganham muito acima, ou ainda, se isso é justo. A realidade da remuneração militar é mais complexa do que parece nos memes e nas brigas da internet, no entanto. Sim, um general do Exército ganha um salário relativamente bom no papel, mas tem muita vírgula e muito porém nessa história.

Primeiro: tem general e tem “general”

Não existe só um tipo de “general” no Brasil. Há uma hierarquia com quatro patentes. Na Marinha e na Aeronáutica também há uma hierarquia similar. No Exército, contudo, funciona assim:

  • General-de-Brigada (2 estrelas)
  • General-de-Divisão (3 estrelas)
  • General-de-Exército (4 estrelas)
  • Marechal (5 estrelas) — mas essa só aparece em tempos de guerra, e como o Brasil vive em “paz”, só existe no papel mesmo.

Vamos aos soldos (valores de 2024):

  1. General-de-Exército: R$ 13.471,00
  2. General-de-Divisão: R$ 12.912,00
  3. General-de-Brigada: R$ 12.490,00

Esse é soldo.

O salário de fato recebido é de cerca de 2 vezes o soldo. Um general de Brigada recebe geralmente cerca de 21 mil reais de salário líquido.

Há vantagens sobre os soldos, é verdade. Mas há também muitos descontos. Mas, além dos descontos, a vida deles não é cheia de mordomia como muitos pensam. Pelo menos, não para todos. Agora vem o detalhe que muda o jogo.

“Mas eles ganham extras, né?”

Sim e não. Os generais, além do salário, recebem alguns adicionais. Disponibilidade, tempo de serviço, e o adicional por transferências, são alguns exemplos disso. Um general pode ser transferido dezenas de vezes ao longo de seus 35 ou mais anos de carreira. Mas não se trata apenas de “trocar de bairro”: é sair de Roraima e ir parar no Rio Grande do Sul, por exemplo. A família vai junto, a mobília vai junto, e as Forças Armadas arcam com tudo.

O adicional recebido a cada transferência é alto, pode equivaler a mais de dois salários brutos inteiros, mas a dor de cabeça também é. Além disso, não tem hora extra, adicional noturno, FGTS, nem direito de sindicalização.

Recentemente, após publicação na Revista Sociedade Militar, reacendeu-se a discussão sobre regalias para os generais Brasileiros. A revista descobriu que a força terrestre estava construindo uma mansão ao custo de mais de 3 milhões de reais para uso de um General de Exército. A notícia foi parar nos grandes sites e o Exército teve que se desdobrar para justificar a coisa, sem conseguir convencer como, em pleno Sec XXI, isso ainda é feito.

Mas e os generais das outras forças?

Na Marinha e Aeronáutica é tudo equivalente:

  • Almirante-de-Esquadra (Marinha) e Tenente-Brigadeiro-do-Ar (FAB) ganham igual ao General-de-Exército.
  • Vice-Almirante e Major-Brigadeiro = General-de-Divisão.
  • Contra-Almirante e Brigadeiro = General-de-Brigada.

Os salários são os mesmos, muda só o nome e a farda. E as mordomias, claro, que são mais “visíveis” em alguns ramos do que em outros.

A polêmica do “marajá” militar

Agora vem a parte espinhosa. Sempre que sai na mídia alguma matéria sobre o salário dos generais, explode a polêmica. Alguns dizem que são “marajás”, outros lembram que trabalham 24h por dia, sem direitos, sem garantias. Além disso, tem também quem cite os aposentados que acumulam pensões com soldos, o que aumenta a discussão.

E tem o outro lado: as benesses da reserva, especialmente para quem chegou no topo. Aí sim, alguns militares vivem muito bem — principalmente ex-comandantes e generais que além dos salários de militar, ocupam cargos políticos, assessorias e estatais.

Vale a pena virar general?

Depende. Se você sobreviver mais 35 anos de carreira, marchar até não sentir mais os pés, viver de mala pronta, ficar longe da família, aguentar governo cortando verba e souber agradar os políticos com os quais se relacionar, sem bater de frente com nenhum partido, e ainda assim chegar ao topo… aí talvez compense.

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