Especialistas enxergam oportunidade histórica de cooperação entre Brasil e Turquia no desenvolvimento de uma das aeronaves mais modernas do mundo

O mundo da aviação militar está prestes a assistir a uma parceria inédita que pode reposicionar o Brasil no cenário global da indústria de defesa.

A aeronave furtiva de 5ª geração KAAN, desenvolvida pela Turquia, despertou o interesse de especialistas internacionais quanto a uma possível colaboração da Embraer no projeto.

A expectativa é que essa união possa não apenas acelerar o desenvolvimento do caça, mas também abrir caminho para uma futura versão adaptada à realidade operacional da Força Aérea Brasileira (FAB).

Segundo reportagens recentes da imprensa turca, a Turkish Aerospace estaria aberta a firmar acordos estratégicos com empresas estrangeiras para fortalecer seu ambicioso projeto.

O nome da Embraer surge com força devido à sua comprovada capacidade industrial, seu histórico em programas de defesa e sua atuação crescente no mercado internacional.

Experiência da Embraer atrai os olhos dos turcos

A Embraer é hoje uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo e se consolidou como fornecedora de soluções militares inovadoras.

Entre seus maiores sucessos estão o cargueiro militar C-390 Millennium e a aeronave de ataque leve A-29 Super Tucano, utilizadas por dezenas de países.

De acordo com o site especializado Türkiye Today, o envolvimento da Embraer no projeto do KAAN poderia trazer diversas vantagens para a Turkish Aerospace, como prazos mais curtos e uma cadeia de produção mais eficiente.

“A Embraer poderia encurtar os prazos de desenvolvimento ou aumentar a eficiência de produção”, destacou a publicação.

A proposta não envolve apenas tecnologia, mas também interesses geopolíticos e econômicos de médio e longo prazo.

Uma versão do KAAN para o Brasil?

O projeto do KAAN tem como base a criação de um caça de quinta geração, com capacidade furtiva, alta manobrabilidade, aviônicos de última geração e superioridade aérea em diferentes teatros de guerra.

A aeronave é projetada para competir com caças como o F-35 norte-americano e o J-20 chinês, inserindo a Turquia em um seleto grupo de países com esse nível de tecnologia.

Segundo analistas ouvidos por portais de defesa da Turquia, uma das possibilidades cogitadas seria o desenvolvimento de uma variante do KAAN sob licença da Embraer para atender às necessidades da FAB.

O Brasil, que atualmente opera o Gripen E/F da sueca Saab, poderia considerar o KAAN como uma alternativa complementar, já que a doutrina da FAB é manter pelo menos dois modelos distintos de caça em operação.

Essa decisão, segundo especialistas, proporcionaria maior flexibilidade operacional e menor dependência de um único fornecedor.

Além disso, o Brasil teria acesso a tecnologia furtiva de ponta sem depender diretamente dos Estados Unidos ou da China, duas potências que concentram os principais programas desse tipo.

Gripen E e o dilema do segundo caça

Atualmente, a Força Aérea Brasileira tem contrato para 36 caças Gripen E/F, dos quais oito já foram entregues até abril de 2025.

A expectativa é que o Brasil feche um segundo lote nos próximos anos como parte de um acordo estratégico com a Suécia, que incluiu a escolha do cargueiro C-390 Millennium pela Força Aérea Sueca.

No entanto, a possível entrada do KAAN na equação oferece uma nova perspectiva para o planejamento estratégico da Aeronáutica.

A vantagem de contar com uma aeronave de quinta geração poderia fazer com que o Brasil acelerasse negociações com novos parceiros, sobretudo diante da crescente tensão geopolítica global.

O conflito entre Ucrânia e Rússia, a instabilidade no Mar do Sul da China e o avanço de drones e mísseis hipersônicos têm levado vários países a investir pesadamente em tecnologias de combate de última geração.

O que é o KAAN?

O KAAN é o caça turco de 5ª geração desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), apresentado ao mundo em 2023.

A aeronave possui design furtivo, é bimotor e foi projetada para substituir os caças F-16 atualmente utilizados pela Força Aérea Turca.

Seu primeiro voo ocorreu com sucesso em 2024, marcando uma nova era para a indústria de defesa da Turquia.

Entre suas capacidades previstas estão:

• Radar AESA multifuncional

• Alta manobrabilidade com controle vetorial

• Capacidade de combate ar-ar e ar-solo

• Baixa assinatura de radar (furtividade)

• Compatibilidade com armas de padrão OTAN

O Brasil pode entrar na elite da aviação de combate?

Se a parceria com a Turkish Aerospace se concretizar, o Brasil poderá se posicionar como o único país da América Latina com acesso direto ao desenvolvimento de uma aeronave de 5ª geração.

Além disso, a Embraer teria a chance de se consolidar como co-desenvolvedora de tecnologias furtivas, aumentando sua competitividade global.

Para a FAB, o projeto representa uma possibilidade de salto operacional em um momento em que o cenário geopolítico mundial exige maior preparação e autonomia tecnológica.

O futuro da defesa aérea brasileira pode estar prestes a mudar, e a chave dessa transformação pode estar nas mãos de um caça turco com DNA parcialmente brasileiro.