Duas décadas de Gripen na Força Aérea Tcheca: como o caça sueco transformou a defesa aérea do país e se consolidou como pilar estratégico da OTAN

Em 18 de abril de 2025, as Forças Armadas da República Tcheca comemoram 20 anos da chegada dos primeiros caças Gripen JAS-39C à Base Aérea de Čáslav. A introdução dos jatos suecos representou uma guinada estratégica na defesa do país, marcando o início de uma era de modernização, integração com a OTAN e presença internacional em missões de policiamento aéreo.
No início dos anos 2000, a Tchéquia enfrentava desafios significativos com sua frota de caças MiG-21, considerados obsoletos diante das exigências de segurança contemporâneas e dos compromissos assumidos com a entrada do país na OTAN, em 1999. Para suprir essa necessidade, o governo firmou, em junho de 2004, um contrato de leasing com a Suécia para 14 caças Gripen JAS-39C/D de nova fabricação, permitindo rápida resposta aos padrões de policiamento aéreo exigidos pela Aliança Atlântica.
Força Aérea implementa rapidamente o Gripen e amplia capacidades com novos sensores, armamentos e participação em missões internacionais de policiamento aéreo pela OTAN
A integração dos Gripens foi realizada em tempo recorde. Em menos de um ano após a assinatura do contrato, os primeiros aviões pousaram na base aérea de Čáslav, e logo foram incorporados ao sistema de prontidão de resposta rápida (QRA), substituindo os antigos MiG-21. A chegada dos novos caças trouxe capacidades ampliadas para os pilotos, incluindo aviônicos modernos, sensores avançados e maior autonomia tática no campo de batalha.
A evolução da força aérea tcheca com os Gripens foi impulsionada não apenas pela substituição de equipamento, mas também pela ampliação do papel operacional dos pilotos. Michal Daněk, ex-piloto com mais de 2.200 horas de voo, relembra que inicialmente os caças estavam restritos a funções básicas de policiamento aéreo, mas que a experiência acumulada permitiu ampliar significativamente suas atribuições. Em 2008, por exemplo, os aviões passaram a ser equipados com mísseis AIM-120C-5 AMRAAM, elevando o poder de combate da frota.
Caças tchecos evoluem com modernizações constantes e participam de missões estratégicas na Islândia, Báltico e outras regiões de interesse da segurança europeia
A partir de 2012, os Gripens da Tchéquia receberam capacidade de reabastecimento em voo (AAR), fator que ampliou sua atuação em missões internacionais da OTAN, como as de policiamento aéreo na Islândia e no Báltico. Em 2018, a incorporação do pod de mira Litening 4i fortaleceu as missões de ataque ao solo, e as atualizações do pacote de software MS20, iniciadas em 2016, habilitaram o radar PS-05/A Mk3 e o sistema de comunicação Link 16, elevando a interoperabilidade com aliados da Aliança Atlântica.
Mesmo operando uma frota considerada modesta em número, com apenas 14 aeronaves, a Força Aérea Tcheca já acumula mais de 38.000 horas de voo com os Gripens desde 2005. O desempenho confiável das aeronaves, aliado às melhorias contínuas, reforça sua posição como peça-chave da defesa nacional. Ainda em 2025, um novo destacamento tcheco será enviado à Islândia, dando continuidade à presença ativa do país em operações coletivas de segurança aérea.
A informação foi divulgada por Luiz Padilha em artigo publicado no site Defesa Aérea & Naval, que destaca o papel estratégico dos caças Gripen na modernização da Força Aérea da República Tcheca desde 2005, enfatizando as melhorias tecnológicas e a atuação conjunta com países aliados.
Com duas décadas de serviço ativo, os caças Gripen seguem como protagonistas da defesa aérea tcheca e aliados importantes em missões da OTAN. Seu legado de modernização, interoperabilidade e confiabilidade técnica assegura que, mesmo com números limitados, o impacto estratégico das aeronaves permaneça relevante no cenário da aviação militar europeia.