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Brasil gerou polêmica ao financiar obras na Venezuela: mais de R$ 6 bilhões para construção da Usina Siderúrgica, Estaleiro e metrô no país vizinho

por Alisson Ficher 16/04/2025
Brasil gerou polêmica ao financiar obras na Venezuela: mais de R$ 6 bilhões para construção da Usina Siderúrgica, Estaleiro e metrô no país vizinho

Em 2025, o Brasil continua sendo alvo de críticas e discussões acaloradas por seus investimentos financeiros em obras de infraestrutura na Venezuela, que somam mais de R$ 6 bilhões.

Através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o país se comprometeu com projetos de grande porte, como a construção da Usina Siderúrgica Nacional, um estaleiro e a expansão do sistema de metrô em Caracas e Los Teques.

Esses investimentos, que ocorreram principalmente entre 2007 e 2015, foram realizados em parceria com grandes empreiteiras brasileiras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez, gigantes do setor de construção que também se envolveram em escândalos de corrupção.

O impacto financeiro desses empréstimos continua a ser um tema central, já que a Venezuela, desde 2018, não tem honrado seus compromissos financeiros com o BNDES.

O valor da dívida, que ultrapassa R$ 3,45 bilhões, continua a crescer sem previsão de pagamento, causando um rombo nas contas públicas brasileiras. Essa dívida foi assumida pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), com recursos provenientes do Tesouro Nacional, o que significa que o custo está sendo arcado pelo contribuinte brasileiro.

A importância do BNDES e os projetos na Venezuela

Durante os anos de 2007 a 2015, o Brasil se comprometeu com diversas obras de infraestrutura no exterior, com destaque para os países da América Latina.

A Venezuela foi um dos maiores beneficiários desses financiamentos, com destaque para a construção de metrôs, estaleiros e a Usina Siderúrgica Nacional. Em tese, esses projetos visavam promover o desenvolvimento da infraestrutura na Venezuela e fortalecer os laços econômicos entre os dois países.

Contudo, os financiamentos do BNDES à Venezuela têm gerado muitas controvérsias, especialmente devido ao não cumprimento dos pagamentos por parte do país vizinho.

A dívida de mais de R$ 3,45 bilhões, que ainda permanece sem previsão de pagamento, levou o Brasil a arcar com esse custo através do FGE, o que levanta questionamentos sobre os benefícios reais para a economia brasileira.

Esses recursos poderiam ter sido mais bem aplicados em projetos de infraestrutura doméstica, onde o Brasil enfrenta desafios como o transporte público deficiente, especialmente nas grandes cidades.

A situação da dívida de Venezuela e Cuba em 2025

Em abril de 2025, a situação da dívida com o BNDES dos dois principais países beneficiados pelos financiamentos brasileiros continua a ser uma preocupação.

A Venezuela, que recebeu cerca de US$ 1,5 bilhão em financiamentos, ainda deve aproximadamente US$ 122 milhões.

Além disso, 25 prestações estão em atraso, e o FGE já cobriu 572 parcelas não pagas pela Venezuela. Por sua vez, Cuba, que recebeu cerca de US$ 656 milhões, ainda deve US$ 214 milhões, sendo que parte desses valores também estão cobertos pelo FGE.

O fato de que o FGE continua cobrindo as dívidas de outros países, enquanto o Brasil enfrenta suas próprias dificuldades financeiras internas, levanta questionamentos sobre a prioridade dos investimentos externos em relação às necessidades domésticas.

A crise política e os escândalos de corrupção

Além dos problemas financeiros, os projetos financiados pelo BNDES na Venezuela enfrentaram outros obstáculos, como atrasos e paralisações.

O mais alarmante foi o envolvimento de grandes empreiteiras brasileiras em escândalos de corrupção, como evidenciado pela Operação Lava Jato.

As investigações revelaram que, além dos contratos de construção, o financiamento de campanhas políticas na Venezuela também esteve envolvido, com propinas sendo pagas por meio dos contratos do BNDES, comprometendo ainda mais a credibilidade desses projetos.

Em relação aos escândalos de corrupção, muitos dos contratos entre o Brasil e a Venezuela eram cercados de dúvidas, e as investigações internacionais buscaram identificar as relações ilícitas que resultaram em perdas financeiras para ambos os países.

A situação ficou ainda mais complicada à medida que as dívidas da Venezuela com o Brasil foram sendo acumuladas, deixando as obras sem conclusão e com os custos aumentados.

A defesa do presidente Lula sobre os financiamentos

Apesar dos questionamentos sobre os investimentos na Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantém firme em sua defesa dos financiamentos realizados pelo BNDES.

Em diversas declarações, o presidente tem destacado que “todo mundo paga” e que os atrasos nas obras e nas dívidas ocorreram devido a rompimentos diplomáticos e ao contexto político instável em gestões anteriores.

Para Lula, o financiamento a outros países é uma forma de fortalecer a presença econômica do Brasil no cenário internacional.

Entretanto, a posição do governo brasileiro ainda gera divisões, com críticos apontando que os recursos poderiam ter sido mais bem aplicados dentro do Brasil, onde existem demandas urgentes em áreas como transporte público, saúde e educação.

Os críticos afirmam que as promessas de crescimento e desenvolvimento que esses investimentos poderiam trazer para a Venezuela não foram cumpridas, e, ao contrário, o Brasil continua a arcar com um custo elevado.

Impactos no Brasil: crise econômica e os custos para o contribuinte

Esses investimentos geraram uma forte repercussão no cenário político e econômico brasileiro, pois muitos argumentam que o Brasil deveria priorizar seus próprios problemas em vez de financiar obras em outros países.

A crise econômica interna, com altos índices de desemprego e uma infraestrutura deficiente, torna ainda mais difícil justificar esses gastos em projetos no exterior.

O contribuinte brasileiro está arcando com as perdas financeiras provenientes dos calotes de Venezuela e Cuba, uma situação que provoca crescente descontentamento com o governo federal.

Além disso, a falta de transparência em torno dos contratos do BNDES e os escândalos de corrupção envolvendo as grandes empreiteiras brasileiras agravam a situação, prejudicando ainda mais a confiança da população no uso dos recursos públicos.