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Brasil surge como chave principal para mediar as negociações de paz entre Ucrânia e Rússia

por Alisson Ficher 06/04/2025
Brasil surge como chave principal para mediar as negociações de paz entre Ucrânia e Rússia

Em meio ao conflito prolongado entre Ucrânia e Rússia, uma nova esperança de paz surge com a crescente atuação de países fora da região do conflito.

O Brasil, tradicionalmente conhecido por sua postura diplomática de neutralidade e pacificação, ganha destaque no cenário internacional.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiha, em recente entrevista à Folha de S. Paulo, destacou o papel do Brasil como potencial mediador nas negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia.

Segundo ele, a nação brasileira poderia desempenhar um papel crucial, especialmente em relação à obtenção de garantias de segurança para um cessar-fogo duradouro.

Essa declaração chamou a atenção para o potencial do Brasil, que já tem uma tradição de buscar soluções diplomáticas em conflitos internacionais.

Embora o governo ucraniano tenha sido cético sobre o envolvimento do Brasil em outras ocasiões, agora, as portas parecem estar mais abertas para um papel ativo do país sul-americano.

De acordo com Sibiha, a diplomacia brasileira pode ser a chave para convencer Moscou a aceitar um cessar-fogo efetivo, algo que, até então, parecia distante devido às tensões entre os dois países.

Brasil como mediador internacional nas negociações de paz

O Brasil, em virtude de sua postura neutra e não beligerante, tem se posicionado como um possível intermediário nas negociações de paz, algo que foi destacado pelo chanceler ucraniano.

Sibiha mencionou a possibilidade de envolvimento de forças de paz, tanto chinesas quanto brasileiras, no monitoramento de um cessar-fogo.

Essa ideia surgiu como uma forma de garantir que o acordo de paz fosse cumprido de maneira eficaz.

No entanto, o ministro ucraniano enfatizou a importância de garantias de segurança reais, algo que ainda é um obstáculo para que um cessar-fogo seja alcançado de maneira concreta.

Essas forças de paz internacionais teriam o papel de supervisionar o cumprimento das condições acordadas entre as partes, especialmente em relação ao fim das hostilidades.

Mudança de posição da Ucrânia em relação ao papel do Brasil

O que surpreendeu a todos, no entanto, foi a mudança de tom por parte da Ucrânia em relação ao papel do Brasil nas negociações.

Em declarações anteriores, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, havia demonstrado ceticismo sobre a possibilidade de um envolvimento direto do Brasil nas conversações de paz.

A postura de Zelensky, que inicialmente parecia relutante quanto à mediação brasileira, agora se mostra mais receptiva, conforme indicam as palavras de Andrii Sibiha.

Essa mudança de visão reflete uma realidade pragmática, onde o governo ucraniano está cada vez mais consciente de que, para avançar nas negociações, será necessário contar com a ajuda de países que, embora não diretamente envolvidos no conflito, possuem uma influência global significativa.

O Brasil, com seu histórico diplomático, se apresenta como um desses aliados potenciais.

Garantias de segurança: a maior preocupação nas negociações

A garantia de segurança continua sendo um dos pontos mais sensíveis e complexos nas negociações de paz.

A Ucrânia exige garantias de segurança robustas, que envolvam não apenas compromissos políticos, mas também a presença de forças militares de países terceiros para garantir que o cessar-fogo seja respeitado.

O ministro ucraniano deixou claro que não há possibilidade de aceitar um acordo que comprometa a integridade territorial ou a soberania da Ucrânia.

A presença de forças de paz, portanto, não é apenas uma medida simbólica, mas uma exigência prática para que as condições de paz sejam realmente implementadas.

O envolvimento de potências como a China e o Brasil nas forças de monitoramento poderia dar à Ucrânia a confiança de que suas fronteiras serão respeitadas e que a Rússia, ao menos por um período, não tomará medidas agressivas contra o país.

Além disso, a Ucrânia também está buscando apoio de países europeus para que monitoramento contínuo e mecanismos de verificação de paz sejam estabelecidos de maneira clara e eficaz.

Embora a Rússia tenha resistido veementemente a essa ideia, o governo ucraniano acredita que é necessário pressionar para que um sistema de fiscalização imparcial seja criado.

A importância da defesa aérea e da tecnologia de drones

Além das negociações sobre a presença de forças internacionais, o governo ucraniano também tem se concentrado em áreas cruciais para o fortalecimento de sua defesa, como a defesa aérea e a indústria de drones.

A guerra em território ucraniano tem mostrado a importância dessas tecnologias, que têm sido utilizadas de forma crescente para ataques e defesa.

Sibiha apontou que a Ucrânia tem se empenhado para aumentar sua autossuficiência nessas áreas, buscando apoio internacional para aprimorar tanto sua defesa aérea quanto a produção de drones militares. O país tem se tornado cada vez mais dependente dessas tecnologias, não apenas para fins de combate, mas também para monitoramento e controle de territórios.

Uma das propostas que surgiu foi a cooperação com o Brasil no desenvolvimento de tecnologias de drones. O chanceler ucraniano sugeriu que essa parceria não apenas traria benefícios no setor militar, mas também teria grande aplicabilidade em áreas como a agricultura, onde os drones poderiam ser usados para otimizar colheitas e até auxiliar em questões de monitoramento ambiental.