B 52 Stratofortress: conheça o bombardeiro da Força Aérea dos EUA que voa há mais de 70 anos

Imagina um veterano da década de 1950 que ainda bate ponto todos os dias, atualizadíssimo e mais ativo do que nunca. É assim com o B 52 Stratofortress, o bombardeiro estratégico norte-americano que, desde 1952, corta os céus do mundo carregando uma história de potência, engenharia e longevidade quase mitológica.
Enquanto muitos modelos de aeronaves são aposentados após 20 ou 30 anos, o B 52 Stratofortress já passou dos 70 e tem previsão de continuar voando até pelo menos 2050. A essa altura, terá completado quase um século de atividade um marco inédito na aviação militar mundial.
B 52 Stratofortress: Os protótipos que deram origem à lenda
A história do B 52 começou com dois protótipos visionários: o XB52 e o YB52. O primeiro foi uma aeronave experimental e deveria realizar o voo inaugural. No entanto, durante testes de pressurização, o XB52 sofreu danos e acabou ficando para trás. Coube ao YB52 assumir o protagonismo do primeiro voo, em 15 de abril de 1952, partindo de Seattle rumo à Base Aérea de Larson, também no estado de Washington.
Essas aeronaves iniciais tinham uma cabine em tandem, ou seja, com os pilotos sentados um atrás do outro algo bem diferente da configuração atual, mais parecida com a dos aviões comerciais, com os pilotos lado a lado.
Esse voo inaugural deu origem ao nome que hoje ecoa como sinônimo de força aérea: B 52, uma referência direta ao ano do primeiro voo. A produção em série começou em 1954 e, em fevereiro de 1955, o modelo operacional foi oficialmente incorporado à Força Aérea dos Estados Unidos como B 52 Stratofortress.
Um bombardeiro que se tornou símbolo de poder
O B 52 não foi apenas uma inovação tecnológica ele representou um verdadeiro divisor de águas na aviação militar. Em plena Guerra Fria, a introdução dessa aeronave elevou o patamar bélico dos EUA frente à União Soviética. Com sua grande capacidade de carga, alcance intercontinental e flexibilidade de armamentos, tornou-se peça-chave da dissuasão nuclear norte-americana.
Com o tempo, o B 52 passou por atualizações constantes. Desde 1961, a versão mais avançada o modelo H permanece ativa. Essa longevidade se deve a um programa contínuo de modernização que mantém a aeronave atualizada com sistemas eletrônicos, armas inteligentes e novos motores.
O gigante que voa alto (e longe)
As dimensões do B 52 Stratofortress impressionam: são 48 metros de comprimento, 56 metros de envergadura e 12 metros de altura. Vazio, o avião pesa cerca de 83 toneladas, mas pode decolar com até 219 toneladas, carregando mais de 100 toneladas de combustível.
Atualmente, os motores Rolls-Royce F130 garantem 17.000 libras de empuxo cada. Com oito motores, a potência total chega a mais de 136 mil libras (ou 61,6 toneladas). Isso permite que o B 52 voe a até 900 km/h, com alcance superior a 14 mil quilômetros e teto operacional de 15 mil metros de altitude.
O trem de pouso dianteiro e traseiro pode girar até 20º, oferecendo segurança extra em pousos com ventos laterais um detalhe técnico que reforça o cuidado do projeto com situações extremas.
Tripulação, armamento e missões históricas
Para operar um B 52, é necessário pelo menos cinco tripulantes: dois pilotos, um navegador, um navegador de radar e um oficial de guerra eletrônica. A tripulação fica distribuída em dois andares e, curiosamente, os assentos ejetores do nível inferior são projetados para ejeção vertical para baixo algo raríssimo na aviação.
O bombardeiro transporta até 31.500 kg de armamentos variados, entre bombas, mísseis ar-terra, mísseis de cruzeiro e armas inteligentes. Ele também pode carregar o míssil ADM-160 MALD, usado como contramedida eletrônica para confundir radares inimigos.
Mesmo mais exposto do que bombardeiros stealth como o B-1 Lancer e o B-2 Spirit, o B 52 continua sendo uma plataforma confiável para missões estratégicas. Na Guerra do Vietnã, atuou em ataques convencionais. Na Guerra do Golfo, em 1991, executou voos recordes de mais de 35 horas com reabastecimento aéreo para atacar alvos no Iraque.
Tecnologia, resistência e futuro promissor
Apesar de ter nascido nos anos 50, o B 52 Stratofortress carrega em sua fuselagem o que há de mais moderno em tecnologia militar. Seus sistemas embarcados foram constantemente atualizados: novos radares, sistemas de comunicação, aviônicos e armas digitais garantem que ele siga relevante no campo de batalha contemporâneo.
As versões mais recentes com motores F130 foram renomeadas como B 52J, com expectativa de permanecerem operacionais até 2050. Isso significa que veremos esse gigante completar um século em atividade, algo praticamente impensável para qualquer outra aeronave militar no mundo.
Atualmente, 76 unidades do B 52 seguem ativas na Força Aérea dos Estados Unidos. E, ao que tudo indica, ele ainda tem fôlego (e turbinas) para muito mais.
O B 52 Stratofortress é eterno?
Se há um avião que pode reivindicar o título de eterno, esse é o B 52 Stratofortress. Seu sucesso não está apenas na robustez física, mas na sua capacidade de se reinventar ao longo das décadas. Ele provou que, com o suporte técnico certo, até mesmo um projeto da década de 1950 pode continuar assustando os céus em plena era digital.
Mais que uma aeronave, o B 52 é um verdadeiro marco da engenharia e um lembrete de que, na aviação, idade é só um número.