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Análise por IA em imagens de base naval brasileira atesta grave fragilidade na defesa da Amazônia

por Sociedade Militar 27/04/2025
Análise por IA em imagens de base naval brasileira atesta grave fragilidade na defesa da Amazônia

Uma análise detalhada baseada em imagens da principal base naval no Norte do Brasil e dados fornecidos pelo Comando do 4º Distrito Naval, complementada por dados públicos oficiais, revela uma preocupante vulnerabilidade da Marinha do Brasil na defesa da Amazônia. Segundo a análise, a falta de meios navais adequados e a enorme distância dos centros de reforço, localizados na região sudeste, comprometem severamente a capacidade de resposta a ameaças externas.

Capacidade naval limitada no 4º Distrito Naval

O 4º Distrito Naval, com sede em Belém (PA), é responsável por uma área que cobre aproximadamente 23% do território brasileiro, incluindo 1.448 km de litoral e 4.828 km de vias fluviais navegáveis, de acordo com informações oficiais da Marinha do Brasil. Apesar da vastidão e importância estratégica dessa região, apenas 12 embarcações estão subordinadas ao comando local, e a maioria delas são navios de apoio, como balizadores e hospitalares.

Base Naval em Belém do Pará
Base Naval em Belém do Pará. Fonte: Marinha do Brasil

Ainda em 2009 o então ministro da defesa Nelson Jobim já alertava sobre a deficiência que o Brasil possui no Norte do país no que diz respeito a defesa nacional: “A base naval brasileira hoje é exclusivamente no Rio de Janeiro. Temos que estabelecer uma base no Norte”.

Os principais meios de combate presentes são dois navios-patrulha da classe Bracuí, o Bracuí (P-60) e o Bocaina (P-62). Essas embarcações possuem velocidade máxima de apenas 20 nós e são equipadas com armamento limitado, consistindo principalmente em um canhão Bofors de 40 mm e metralhadoras. Essas características colocam os navios brasileiros em desvantagem significativa contra qualquer força naval moderna.

Comparativo com forças navais de outras nações

O Coronel de Estado Maior, Rocha Paiva, declarou em artigo publicado na RSM que o Brasil não precisa se preocupar com as nações da América latina, que quanto a estas estamos bem servidos de equipamentos, mas que a preocupação deve ser com os “grandes bucaneiros navais”, se referindo às grandes potências que podem de uma hora pra outra resolver se apropriar dos recursos brasileiros.

O alto comando naval, afinal de contas, deseja submergíveis para que? Enfrentamento de forças navais latino americanas? Se for somente para estas, até que estamos bem servidos. Acontece que o almirantado, a esta altura do promenade naval, não pode mais “tapar o sol com a peneira”! Não são os países de língua espanhola que vão botar banca. Não, não vai ser essa “barbada”. Quem vai nos obrigar a levantar ferros são os “grandes bucaneiros navais”

A comparação com bases navais de outras potências acentua ainda mais a percepção de fragilidade:

  • Nos Estados Unidos, a Estação Naval de Mayport, na Flórida, abriga regularmente cerca de 20 embarcações de guerra, incluindo 12 destroyers da classe Arleigh Burke, armados com mísseis BGM-109 Tomahawk e torpedos antisubmarino Mark 46. Esses destroyers têm velocidades operacionais entre 25 e 30 nós, muito superiores às embarcações brasileiras. Os EUA possuem os classe Zumwalt, que navegam a mais de 30 nós. Essas embarcações tem possibilidade de navegar da base naval na Flárida até a costa brasileira em menos de 3 dias. Outro diferencial, as embarcações de guerra da classe Zumwalt tem condições de atingir alvos a mais de 100 quilômetros de distância.

Esses números mostram que, enquanto forças vizinhas e grandes potências possuem capacidade de projeção e combate altamente efetiva na região, o Brasil mantém no Norte uma presença naval praticamente simbólica, incapaz de dissuadir ou reagir adequadamente a ações hostis.

Tempo de resposta para defesa da Amazônia em caso de necessidade de reforço

Em um cenário de crise que demandasse o deslocamento urgente de unidades modernas, como as futuras Fragatas Classe Tamandaré, a capacidade de resposta da Marinha do Brasil a ameaças na Amazônia permaneceria gravemente comprometida. Em condições ótimas de navegação, com uma velocidade constante de 25 nós, uma fragata como a Defensora, atualmente em operação, levaria aproximadamente 88 horas — cerca de três dias e meio — para cobrir as 2.200 milhas náuticas entre o Rio de Janeiro e Belém.
Caso uma força adversária explorasse janelas meteorológicas adversas, como frentes de tempestade, ventos de força ciclônica ou mar agitado, o deslocamento dos militares brasileiros poderia ser severamente impactado. Tais condições, estrategicamente escolhidas pelo inimigo, poderiam elevar o tempo de resposta a até o dobro, comprometendo a prontidão operacional.
Mesmo mantendo velocidades elevadas durante todo o trajeto — uma condição improvável em operações prolongadas devido a fatores como fadiga de máquinas, consumo de combustível e necessidade de ajustes táticos —, o intervalo de deslocamento cria uma janela crítica de vulnerabilidade. Durante esse período, forças hostis poderiam consolidar posições estratégicas, estabelecer cabeças de ponte ou controlar vias fluviais vitais na Amazônia, dificultando ainda mais a resposta brasileira.

De fato, é inegável que há um flanco vulnerável

A análise indica que o Brasil possui hoje um grave ponto vulnerável em sua defesa marítima no Norte. A falta de embarcações de combate adequadas, a insuficiência de sistemas de defesa costeira e a distância dos centros logísticos tornam a Amazônia um alvo potencialmente fácil em caso de conflito regional ou de intervenção externa.

A superação dessa vulnerabilidade exigiria investimentos urgentes em três frentes: aumento do número de navios de combate de médio e grande porte na região, instalação de baterias costeiras de mísseis antinavio modernas e reforço da capacidade de vigilância e resposta aérea em todo o Norte do país.

Ignorar esse quadro é aceitar que a Amazônia, estratégica para o Brasil e para o equilíbrio geopolítico sul-americano, permaneça um flanco desprotegido no tabuleiro internacional.

Referências:

  • Comando do 4º Distrito Naval: Marinha do Brasil

  • Navio-Patrulha Bracuí – P-60: Marinha do Brasil

  • Navio-Patrulha Bocaina – P-62: Marinha do Brasil

  • Naval Station Mayport: U.S. Navy

  • Classe Mariscal Sucre: Armada Bolivariana da Venezuela

  • BGM-109 Tomahawk: U.S. Navy Fact Files

  • Torpedo Mark 46: U.S. Navy

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar