À beira do caos: conflito comercial entre EUA e China pode ser o estopim da 3ª Guerra Mundial

O mundo assiste apreensivo a uma escalada de tensão que vai muito além de cifras, impostos ou contratos comerciais.
Nos bastidores do comércio internacional, uma disputa silenciosa entre potências econômicas pode acender o estopim de um conflito militar global sem precedentes.
O que começou com uma guerra tarifária entre Estados Unidos e China já gera ondas de instabilidade que reverberam em escala planetária.
Especialistas alertam: o planeta pode estar se aproximando perigosamente de uma nova guerra mundial – desta vez, desencadeada por disputas econômicas.
Especialistas veem paralelos com o passado sombrio
Em 2018, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início a uma ofensiva comercial contra a China e diversos parceiros internacionais, impondo tarifas agressivas sobre produtos estrangeiros em nome da proteção da indústria norte-americana.
A China retaliou à altura, elevando suas próprias taxas sobre importações norte-americanas.
Esse conflito ganhou novos capítulos nos últimos meses, agora sob o governo Biden, que manteve e até ampliou parte das medidas tarifárias, principalmente em setores estratégicos como semicondutores, baterias e tecnologia de ponta.
Segundo analistas de comércio internacional, esse ambiente crescente de hostilidade econômica remete diretamente ao período pré-Segunda Guerra Mundial, quando políticas protecionistas extremas – como o famoso “beggar-thy-neighbour” (“empobreça seu vizinho“) – alimentaram nacionalismos, rivalidades e instabilidades que culminaram no maior conflito bélico do século XX.
Retaliações acirradas e clima de confronto
A tensão recente aumentou após a decisão dos EUA, em janeiro de 2025, de reforçar tarifas sobre produtos tecnológicos chineses, especialmente painéis solares, baterias de carros elétricos e processadores.
A China respondeu com o bloqueio temporário à importação de produtos agrícolas norte-americanos, afetando bilhões em contratos comerciais.
Além disso, o governo chinês ameaçou romper acordos bilaterais estratégicos e investiu pesadamente na substituição de componentes norte-americanos em sua cadeia produtiva.
Com isso, especialistas em geopolítica e economia internacional passaram a considerar a possibilidade real de que essa guerra econômica evolua para um confronto mais agressivo entre os dois países, com consequências militares.
A guerra fria do século XXI?
A nova guerra comercial se tornou uma verdadeira “Guerra Fria 2.0“, onde o campo de batalha envolve redes 5G, inteligência artificial, veículos elétricos e o domínio tecnológico global.
Mas, diferentemente da Guerra Fria do século XX, agora não há barreiras ideológicas tão definidas.
Ambos os países dependem mutuamente em várias cadeias de produção – mas também competem ferozmente pelo controle dos insumos que definirão o futuro da economia mundial.
É nesse cenário que cresce o temor de que essa tensão possa ultrapassar a esfera econômica e se transformar em um confronto armado de grandes proporções.
Alguns analistas mais pessimistas já cunharam a expressão “Terceira Guerra Mundial Econômica”, alertando que os mecanismos diplomáticos tradicionais estão perdendo força diante do avanço das rivalidades tecnológicas e comerciais.
O alerta da academia: estamos brincando com fogo?
Em entrevista recente, o economista José Luis Oreiro, doutor pela UFRJ e professor da Universidade de Brasília (UnB), chamou atenção para os perigos dessa nova configuração global.
“Estamos revivendo um cenário semelhante ao dos anos 1930. Tarifas sobre tarifas, retaliações em cadeia, nacionalismos exacerbados… e sabemos como aquilo terminou”, afirmou o especialista.
Outros acadêmicos apontam que o mundo pós-pandemia se tornou mais instável, e qualquer faísca – inclusive uma decisão puramente comercial – pode virar um incêndio internacional.
Impactos globais e consequências imprevisíveis
A guerra comercial entre Estados Unidos e China já afeta diretamente mercados emergentes, cadeias de suprimento e acordos internacionais de cooperação.
Países que dependem de exportações para ambas as nações, como o Brasil, enfrentam dilemas sobre alinhamento estratégico, além de sofrer com variações cambiais, inflação de produtos importados e escassez de tecnologias.
Com a globalização em xeque e o protecionismo em alta, cresce o risco de uma nova ordem mundial marcada pelo confronto, pela divisão e por interesses nacionalistas radicais.
Se essa tendência continuar sem mediação diplomática eficaz, é possível que a humanidade entre em um período de ruptura tão intenso quanto os que marcaram as Guerras Mundiais anteriores.
O que esperar do futuro?
A paz global, hoje, não depende apenas de tanques ou mísseis, mas de decisões tomadas em reuniões comerciais e fóruns econômicos.
Cada tarifa imposta, cada embargo declarado, carrega um peso geopolítico que pode desestabilizar regiões inteiras.
O alerta está dado: se o mundo ignorar os sinais da história e seguir alimentando disputas econômicas com retaliações e isolacionismo, o próximo conflito global pode começar não com tiros, mas com uma nova tarifa comercial.
E o mundo, mais uma vez, pagará o preço por não ter aprendido com o passado.