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Ser militar no Brasil: compensa entrar no Exército Brasileiro hoje em dia? Descubra se você está pronto para esse desafio

por Rafael Cavacchini Publicado em 14/03/2025 — Atualizado em 11/03/2025
Ser militar no Brasil: compensa entrar no Exército Brasileiro hoje em dia? Descubra se você está pronto para esse desafio

Frequentemente, discussões sobre se “compensa” ou não ingressar no Exército Brasileiro ou nas Forças Armadas tomam conta das redes sociais. Em comentários ou postagens, usuários expressam opiniões diversas sobre o tema. Afinal, vale a pena ou não entrar no Exército? A Revista Sociedade Militar consultou entusiastas, especialistas e militares para chegar a uma conclusão sobre o assunto. O veredito inicial, de acordo com a maior parte dos analistas, é: para quem tem fibra, determinação e está disposto a pagar o preço, a carreira no Exército Brasileiro pode ser uma das experiências mais desafiadoras e recompensadoras da sua vida!

Mais do que um trabalho, uma missão!

O Exército Brasileiro (EB) carrega o lema “Braço Forte, Mão Amiga”, e isso não é à toa. A instituição tem um papel sobretudo fundamental na defesa do território nacional. Mas isso não é tudo: o Exército Brasileiro também atua em missões de paz da ONU ao redor do mundo. De Timor-Leste (1999) ao Haiti (2004), os militares brasileiros já foram enviados para zonas de conflito e instabilidade, garantindo segurança e apoio humanitário. Além disso, a força terrestre brasileira protege embaixadas em regiões turbulentas e entra em ação quando crises internas tomam conta do país.

Tropas do Exército Brasileiro em missão de paz na ONU.
Tropas do Exército Brasileiro em missão de paz na ONU. Foto: Exército Brasileiro / Divulgação

Basta lembrar dos momentos em que o Exército precisou assumir a segurança pública em estados onde a Polícia Militar entrou em greve, como Bahia (2014), Espírito Santo (2017) e Ceará (2020). Nessas ocasiões, soldados tiveram que encarar um cenário caótico, enfrentando saques e violência urbana para garantir a ordem.

Apesar da política externa pacífica do Brasil, o Exército já precisou reagir a ameaças reais, como os confrontos com as FARC na fronteira da Amazônia e a tensão com vizinhos sul-americanos.

Poder de fogo: o Brasil está preparado para o combate?

Quando falamos de defesa nacional, o Brasil não fica para trás dos seus vizinhos. O Exército Brasileiro conta com armamentos modernos e vem investindo cada vez mais em tecnologia bélica nacional. O sistema Astros 2020, desenvolvido pela Avibrás, é um exemplo disso. Esse lançador de foguetes pode disparar munições altamente explosivas, incendiárias e até mesmo o novo míssil de cruzeiro AV-TM 300 “Matador”, que tem alcance de 300 km e pode inclusive alterar sua rota durante o voo.

AV-TM 300 "Matador".
AV-TM 300 “Matador”. Foto: Alexandre Manfrim / Wikimedia Commons

O futuro ainda promete mais avanços, com novos sistemas de defesa antiaérea sendo desenvolvidos. No entanto, há críticas sobre a demora do Brasil em modernizar suas forças terrestres. Enquanto países vizinhos investem pesado em drones e defesa cibernética, o Exército Brasileiro ainda enfrenta sobretudo desafios logísticos e orçamentários.

Vida de soldado: só para os fortes!

De acordo com militares ouvidos pela Revista, o treinamento no Exército Brasileiro é sobretudo rigoroso, físico e mentalmente. Bons exemplos disso são unidades como a de Paraquedistas, que precisam dominar técnicas avançadas de salto e sobrevivência. Até mesmo saltos arriscados, como o HALO jump, um salto de mais de 10 mil metros de altura, onde o paraquedas só é acionado próximo ao solo para evitar detecção inimiga. Isso exige resistência extrema, já que o ar rarefeito e o frio intenso tornam cada segundo um desafio.

Para os que gostam de blindados, os desafios também são complexos. Ser artilheiro em um Leopard 1A5 não é brincadeira! Dentro do tanque, o ambiente é claustrofóbico, com temperaturas extremas e um barulho ensurdecedor a cada disparo. Além disso, a tripulação precisa agir rápido para evitar ser um alvo fácil, já que existem munições projetadas para penetrar a blindagem e transformar o veículo em uma armadilha mortal.

E não pense que a vida na selva é mais fácil! Os militares que se aventuram na Amazônia precisam aprender a encontrar comida e água potável na floresta, suportar longas marchas carregando equipamentos pesados e manter a calma mesmo diante do perigo constante. Quem serve na Amazônia conhece bem essa realidade.

Nem tudo são flores: os desafios da carreira militar

Apesar do prestígio e da estabilidade da carreira, nem tudo é positivo. Muitos militares reclamam das constantes transferências, que podem levar soldados a diferentes estados ao longo da vida, dificultando a vida familiar. Além disso, os salários de soldados e sargentos estão longe de serem atrativos quando comparados a algumas carreiras civis.

Outra polêmica que ronda o Exército Brasileiro é o seu envolvimento em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Essas missões, onde os militares substituem a polícia em momentos de crise, são frequentemente criticadas por especialistas em segurança pública. Muitos argumentam que o Exército não deveria atuar como força policial, pois seu treinamento é voltado para a guerra, e não para patrulhamento urbano.

Além disso, há o dilema político. Nos últimos anos, a crescente presença de militares no governo gerou debates sobre o papel das Forças Armadas na democracia. Enquanto alguns veem isso como um sinal de disciplina e organização, outros alertam para os riscos de militarização da política.

Mas vale a pena?

Para os analistas, quem tem vocação para desafios extremos, quer servir ao país e não se importa com os sacrifícios, a carreira no Exército Brasileiro pode ser uma das experiências mais marcantes da sua vida. Mas é preciso entrar sabendo que não será fácil. Afinal, como dizem os próprios militares: “Missão dada é missão cumprida!”


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.