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O vergonhoso ataque das FARCs que expôs a fragilidade militar do Brasil

por Rafael Cavacchini Publicado em 16/03/2025 — Atualizado em 13/03/2025
O vergonhoso ataque das FARCs que expôs a fragilidade militar do Brasil

Na teoria, Marinha, Exército e Aeronáutica estão aqui para defender o país de ameaças externas, garantir a soberania nacional e atuar em situações de calamidade. Na prática, nem sempre isso acontece como deveria. A Revista Sociedade Militar decidiu abordar uma passagem sobre a História Militar do Brasil que expôs nossa fragilidade e as consequências disso à longo prazo.

O jogo na Fronteira Amazônica

Na década de 1990, o Brasil e suas Forças Armadas tiveram que lidar com um problema sério: as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) achavam que podiam usar o território brasileiro como um hotel cinco estrelas. Quando a situação ficava feia na Colômbia, os guerrilheiros atravessavam a fronteira e se escondiam na Floresta Amazônica, descansando, reagrupando e até roubando armas do Exército Brasileiro.

A Operação Traíra (1991) foi um dos episódios mais vergonhosos para as Forças Armadas do Brasil. Um grupo das FARCs invadiu um posto militar na Amazônia e matou três soldados brasileiros. Além disso, chegaram a roubar armas e munições. Quando o Exército decidiu reagir, matou 13 guerrilheiros. No entanto o estrago já estava feito: ficou claro que o território brasileiro estava vulnerável.

Isso forçou o Brasil a aumentar sua presença militar na fronteira, reforçando a atuação do Comando Militar da Amazônia (CMA). Em 2010, a Aeronáutica recebeu reforços importantes, incluindo equipamentos capazes de detectar movimentações suspeitas na mata. Coincidência ou não, nunca mais tivemos invasões desse tipo. As FARCs acabaram oficialmente em 2016.

Mas a pergunta que fica é: por que só agiram depois que o estrago estava feito?

Defesa nacional em jogo

No papel, as Forças Armadas existem para proteger as terras brasileiras de ameaças externas. Na prática, a história militar do Brasil mostra que muitas vezes o país só reage depois do problema já ter acontecido.

A Operação Traíra foi um vexame militar que forçou o Brasil a finalmente fazer o básico: proteger suas fronteiras. O reforço militar na Amazônia evitou novas invasões, mas só veio depois que soldados brasileiros já tinham morrido e armamentos já tinham sido roubados.

O problema é que, no Brasil, a defesa nacional parece funcionar mais por reação do que por prevenção. Se fosse bem planejada desde o começo, talvez o país não precisasse esperar por tragédias para começar a se proteger de verdade.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.