Milei libera documentos secretos que revelam a fuga de 5.000 criminosos nazistas para a Argentina e a história de um que viveu e morreu no Brasil

O presidente argentino, Javier Milei, acaba de desenterrar um dos capítulos mais obscuros da história do país. Ele ordenou a abertura de arquivos secretos sobre a fuga de criminosos de guerra nazistas para a Argentina após a Segunda Guerra Mundial. Documentos que, por décadas, foram mantidos sob sigilo por sucessivos governos. “A Argentina sentou sobre esses documentos por décadas”, afirmou o historiador e caçador de nazistas Dr. Ephraim Zuroff.
O apoio militar argentino ao fascismo
Desde o nascimento do fascismo na Europa, setores das Forças Armadas argentinas aderiram ao credo autoritário. Juan Domingo Perón, ainda jovem oficial, visitou a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler. O Grupo de Oficiais Unidos (GOU), que assumiu o poder em 1943, manteve relações com o Terceiro Reich até abril de 1945, resistindo até o último momento antes de reconhecer a derrota nazista.
Com o fim da guerra, muitos criminosos nazistas encontraram refúgio na Argentina. Estima-se que 5.000 nazistas tenham escapado para o país, muitos com passaportes falsos. “Sabemos quem chefiava as redes de fuga”, disse Zuroff. Uma delas foi organizada pelo bispo austríaco Alois Hudal, em Roma. Outra, pelo padre croata Krunoslav Draganović. Mas quem ajudou esses nazistas dentro da Argentina? Os arquivos agora expostos podem trazer essas respostas.

Eichmann, Mengele e a fuga impune
Entre os nomes mais infames, Adolf Eichmann, um dos arquitetos do Holocausto, viveu tranquilamente na Argentina até ser capturado por agentes israelenses do Mossad. Julgado em Israel, foi executado em 1962. Já o médico Josef Mengele, o “anjo da morte” de Auschwitz, fugiu da Argentina para o Paraguai e depois para o Brasil, onde morreu afogado em 1979. “Basicamente, deixaram ele fugir. Nunca foi preso, nunca foi julgado”, revelou Zuroff.

Josef Mengele foi um médico e oficial da Schutzstaffel (SS) nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ele ganhou notoriedade por suas atividades no campo de concentração de Auschwitz, onde realizava experimentos humanos cruéis e mortais, especialmente em gêmeos, com o objetivo de avançar suas pesquisas genéticas. Mengele também era responsável pela seleção de prisioneiros, decidindo quem seria enviado às câmaras de gás ou ao trabalho forçado.
Milei, o motivo por trás da revelação
A pergunta que muitos fazem é: por que só agora esses arquivos estão vindo à tona? Segundo Zuroff, “não há dúvidas de que isso é resultado da identidade do atual presidente”. Milei, um declaradamente pró-Israel e defensor da transparência histórica, parece decidido a “lançar luz sobre os cantos mais escuros da história argentina”.
Resistência histórica
Zuroff revelou que autoridades argentinas anteriores nunca demonstraram real interesse em colaborar: “Nos encontramos com eles. Expressaram disposição para nos ajudar, mas nada resultou disso, é claro.” A abertura desses arquivos representa uma ruptura com décadas de silêncio institucional sobre esse capítulo obscuro da história argentina.