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Exército intercepta drogas na fronteira; mais de 5 milhões em apreensão de entorpecentes na Amazônia

por Rafael Cavacchini 01/03/2025
Exército intercepta drogas na fronteira; mais de 5 milhões em apreensão de entorpecentes na Amazônia

Exército apreende drogas e armamento na fronteira com a Colômbia

Mais uma operação, mais uma apreensão. No último domingo (23), tropas do 3º Pelotão Especial de Fronteira (PEF) – Vila Bittencourt interceptaram uma embarcação no Rio Japurá, na fronteira entre o Brasil e a Colômbia. O Exército apreendeu diversos itens, entre eles, drogas diversas, como skunk, além de uma pistola calibre .40 e munições.

Os três detidos, um colombiano e dois brasileiros, foram encaminhados à Polícia Federal. O material apreendido, avaliado em cerca de R$ 5 milhões, tinha como provável destino os grandes centros urbanos, como Manaus. A ação faz parte da Operação Curaretinga I, que, como tantas outras antes dela, busca sufocar o tráfico na região.

Vitória pontual ou apenas um paliativo?

A apreensão é relevante, claro. Mas quem acompanha esse jogo sabe que essas operações são como enxugar gelo. Para cada carga interceptada, quantas passam despercebidas? O tráfico na Amazônia não só segue firme, como se adapta mais rápido do que qualquer esforço estatal para contê-lo.

Organizações criminosas não operam no varejo. Assim, de acordo com especialistas, uma perda de R$ 5 milhões é apenas um contratempo para um esquema bilionário. Enquanto isso, a violência na região continua escalando. Facções criminosas como o Comando Vermelho e o PCC avançam sobre as rotas de tráfico, se aliando a guerrilheiros colombianos e até explorando garimpo ilegal para financiar suas operações.

O abandono da fronteira

O que essa operação também escancara é o abandono crônico da Amazônia. De acordo com analistas ouvidos pela Revista Sociedade Militar, forças militares e policiais fazem o que podem com orçamentos apertados e pouca estrutura. O Comando de Fronteira Japurá/17º Batalhão de Infantaria de Selva, subordinado à 16ª Brigada de Infantaria de Selva, faz parte dessa linha de defesa quase improvisada contra um crime organizado cada vez mais sofisticado.

O Exército atua com o que tem, mas enfrenta limitações logísticas brutais. Falta de efetivo, baixa renovação de equipamentos e sobretudo pouca presença do Estado nas regiões mais remotas são os problemas mais recorrentes. Enquanto isso, as rotas do tráfico continuam ativas e os narcotraficantes operam com mais inteligência, dinheiro e até apoio de facções brasileiras.

Até quando?

A verdade incômoda é que, sem uma estratégia real para cortar o financiamento do tráfico e ocupar a região com presença estatal efetiva, operações como essa continuarão sendo apenas eventos isolados. O Exército cumpre seu papel na guerra contra as drogas, mas o narcotráfico na Amazônia ainda está longe de ser vencido.


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