
O chefe executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse na semana passada que as preocupações públicas sobre a proposta de venda dos portos do Canal do Panamá pelo conglomerado urbano CK Hutchison Holdings para um consórcio dos Estados Unidos demandam séria atenção. Lee Ka-chiu expressou firme oposição a qualquer forma de coerção ou tática de pressão em acordos comerciais internacionais.
Políticos pesos pesados e empresários em Hong Kong alertaram que a decisão pode representar riscos aos interesses nacionais da China e ao cenário do comércio multilateral.
Segundo Ka-chiu, a proposta pode também minar o desenvolvimento a longo prazo do grupo.
Reações políticas e comerciais à proposta de venda
A CK Hutchison Holdings — fundada pelo magnata de Hong Kong Li Ka-shing — disse em 4 de março que havia fechado um acordo de US$ 22,8 bilhões para vender suas participações majoritárias em dois portos do Canal do Panamá para um consórcio liderado pela empresa de investimentos norte-americana BlackRock.
O anúncio desencadeou discussões generalizadas em meio ao mercado comercial global incerto.
O tempo passou e o magnata (que, segundo a revista Forbes, é o 32.° na lista dos mais ricos do mundo, com uma fortuna de 38.1 bilhões de dólares) da CK Hutchison Holdings disse que não vai avançar com a esperada assinatura de um acordo na próxima semana.
O motivo para o recuo é que Pequim revelou que lançará uma investigação antitruste sobre a venda.
A Administração Estatal de Regulamentação de Mercado disse na sexta-feira que estava analisando o acordo.
As implicações legais de uma investigação antitruste
Segundo reportagem do South China Morning Post, a venda dos portos CK Hutchison em cada extremidade do Canal do Panamá fazia parte de um acordo de US$23 bilhões para vender 41 portos espalhados por 23 países ao consórcio liderado pela empresa de investimentos BlackRock dos Estados Unidos.
A CK Hutchison iria embolsar US$19 bilhões.
A investigação foi anunciada depois que a mídia pró-Pequim de Hong Kong, Wen Wei Po e Ta Kung Pao, questionaram se o acordo exigia aprovação por meio de uma revisão antitruste.
“Notamos essa transação e iremos analisá-la de acordo com a lei para garantir uma concorrência leal no mercado e salvaguardar o interesse público“, disse um porta-voz do departamento antimonopólio do mercado numa resposta por escrito.
O órgão de fiscalização não revelou quando a investigação seria lançada, mas sua resposta foi posteriormente republicada no site do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau.
O acordo de venda ocorreu após semanas de pressão do presidente americano, Donald Trump, que se recusou a descartar uma intervenção militar para “recuperar” o controle da “importante rota marítima” para os EUA.