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Usinas nucleares flutuantes com reatores de sal fundido revolucionam o setor naval e energético dos EUA; mercado estimado em US$ 2,6 trilhões

por Sérvulo Pimentel 20/02/2025
Usinas nucleares flutuantes com reatores de sal fundido revolucionam o setor naval e energético dos EUA; mercado estimado em US$ 2,6 trilhões

A Core Power, gigante do setor nuclear, anunciou o Programa Liberty, um projeto que visa desenvolver usinas nucleares flutuantes (FNPP) equipadas com reatores de sal fundido. Essa tecnologia promete revolucionar a matriz energética global, oferecendo eficiência, segurança e autonomia operacional inéditas.

Um mercado trilionário e grandes ambições

Segundo o CEO da Core Power, Mikal Bøe, durante um discurso em Houston, Texas, publicado por Interesting Engineering, o mercado potencial das usinas nucleares flutuantes chega a US$ 2,6 trilhões. Bøe enfatizou que o programa Liberty poderia desbloquear esse mercado estimado em US$ 2,6 trilhões focado em soluções de energia flutuante, e que o uso de estaleiros para construção nuclear poderia otimizar o cronograma e os custos.

O objetivo da Core Power é produzir essas FNPPs em larga escala e ancorá-las em portos e alto-mar, fornecendo energia limpa para navios e operações portuárias.

Programa Liberty da Core Power mira produção em massa de usinas seguras e eficientes até 2030.
Usinas nucleares flutuantes com reatores de sal fundido podem movimentar US$ 2,6 trilhões. (Foto: TVEL)
  • Primeiro modelo: previsto para a década de 2030.
  • Pedidos começam: em 2028.
  • Foco inicial: setor naval, mas com potencial para expandir para outras áreas energéticas.

Como funcionam as usinas nucleares flutuantes?

Essas usinas são projetadas para serem modulares e portáteis, permitindo sua fabricação em estaleiros, o que reduz custos em comparação com reatores terrestres. Entre seus benefícios estão:

  • Energia zero emissão: ajudam na descarbonização das operações portuárias.
  • Facilidade de implantação: podem ser posicionadas em portos, áreas costeiras ou até alto-mar, conforme a demanda.
  • Menor risco operacional: os reatores de sal fundido operam em pressões próximas à atmosférica, eliminando a necessidade de amplas zonas de exclusão de emergência.
  • Baixa produção de resíduos: projetados para operar com uma única carga de combustível durante toda a vida útil.

Parcerias e tecnologia de ponta

A Core Power não está sozinha nesse projeto. Ela firmou parceria com empresas renomadas para tornar o Programa Liberty realidade, segundo informação de vídeo publicado pelo canal Dezhn:

Projeto e regulamentação

  • A Glosten é responsável pelo design das barcaças e pelo suporte regulatório.
  • O CEO da Glosten, Morgan Fanberg, destacou que as FNPPs representam uma solução viável para descarbonizar o setor marítimo.

Microrreator eVinci

A Core Power também trabalha com a Westinghouse para integrar o microrreator eVinci às FNPPs. Esse reator compacto tem poucas partes móveis e pode gerar de alguns quilowatts até 5 megawatts de energia, sendo ideal para aplicações marítimas.

  • Em setembro, a Westinghouse concluiu a fase de Projeto de Engenharia e Experimentação Front-End (FEEED), avançando para a implantação prática da tecnologia.

Inspiração na Rússia e o futuro da energia nuclear

O projeto da Core Power segue os passos da Akademik Lomonosov, uma usina nuclear flutuante russa que já gerou mais de 1 bilhão de kWh desde sua inauguração. Com os EUA entrando no setor, as FNPPs podem se tornar um pilar fundamental para descarbonizar a indústria marítima e reforçar a segurança energética global.