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Ucrânia empacada no front: sem avanços e com Aliados cansados, guerra entra em nova fase

por Rafael Cavacchini Publicado em 12/02/2025
Ucrânia empacada no front: sem avanços e com Aliados cansados, guerra entra em nova fase

Por que a Ucrânia está perdendo? O cansaço da guerra e a realidade no front

A verdade nua e crua é a seguinte: a guerra na Ucrânia já não choca mais como antes. As imagens de destruição, as análises diárias de especialistas e os apelos emocionais perderam força no noticiário. No Ocidente, o entusiasmo esfriou, as bandeiras da Ucrânia sumiram dos perfis nas redes sociais e a guerra virou um incômodo de segundo plano.

Mas isso significa que Kiev está perdendo?

Bem, depende de como você define “perder”.

Guerra na Ucrânia já não tem mais avanços claros

As linhas de frente permaneceram praticamente inalteradas por quase um ano. Sim, a Rússia avançou em algumas regiões, mas pagou um preço altíssimo por isso. O número de baixas russas bateu recordes. As tropas de Putin enfrentam as mesmas dificuldades de sempre: logística falha, resistência feroz e ataques de drones ucranianos. Nessas condições, qualquer avanço significativo não é possível.

Edifício residencial em Avdiivka, Donetsk, Ucrânia, após ataque com foguete russo. Guerra da Ucrânia cobra preços cada vez mais altos de civis.
Edifício residencial em Avdiivka, Donetsk, Ucrânia, após ataque com foguete russo. Guerra da Ucrânia cobra preços cada vez mais altos de civis. Foto: Divulgação

De acordo com Roland Bartetzko, especialista em logística militar na Ucrânia: “A única coisa que mudou é como percebemos a guerra no Ocidente. A maioria dos ‘especialistas’ e analistas ucranianos turbo-pro se cansou da guerra. O público também não está mais interessado em suas besteiras.”

Em outras palavras, a guerra segue brutal, mas a comoção global já não é a mesma.

O cansaço ocidental e a incerteza no apoio

A maior ameaça à Ucrânia na guerra não vem apenas do campo de batalha, mas sim do enfraquecimento do apoio internacional. Com Trump fazendo exigências para continuar o apoio americano, o futuro da Ucrânia está em jogo. Donald já deu sinais de que não pretende continuar bancando Kiev indefinidamente, a menos que haja alguma compensação.

Na Europa, o desgaste também é evidente. Países que antes estavam na linha de frente do suporte a Kiev começam a repensar sua postura. O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, eleito com discurso contrário ao envio de armas à Ucrânia, é um exemplo de como o entusiasmo europeu está diminuindo.

E os ucranianos, como estão?

Para quem está no front, não há espaço para dúvidas ou desistência. A resistência ucraniana segue forte, e a ideia de rendição é simplesmente inaceitável. No fim das contas, ninguém pode dizer que a Ucrânia está definitivamente perdendo, mas também está longe de vencer a guerra. O conflito entrou numa fase de estagnação, onde pequenos avanços são feitos a um custo altíssimo. Enquanto isso, a paciência dos aliados diminui e a Rússia aposta que o tempo está ao seu favor.

Se alguém ainda esperava um desfecho rápido para essa guerra, pode esquecer. Isso vai longe – e talvez a maior ameaça para Kiev não venha dos soldados russos, mas do enfraquecimento do apoio ocidental.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.