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O Yamato era indestrutível — até enfrentar a Força Aérea dos EUA; Por que o um dos maiores navios de guerra da história afundou por conta dos aviões americanos?

por Rafael Cavacchini Publicado em 01/02/2025
O Yamato era indestrutível — até enfrentar a Força Aérea dos EUA; Por que o um dos maiores navios de guerra da história afundou por conta dos aviões americanos?

Como um gigante dos mares Yamato virou um alvo fácil no fim da guerra

O Yamato foi, sem sombra de dúvida, um monstro dos mares. Construído para ser o maior e mais poderoso encouraçado da história, o navio tinha blindagem absurda, canhões gigantes e a capacidade (teórica) de enfrentar três navios inimigos ao mesmo tempo. Só que toda essa imponência, no entanto, não adiantou nada quando o Yamato afundou, de forma quase humilhante, por aviões americanos em abril de 1945.

Por quê? Porque a guerra mudou, e ninguém avisou o Yamato.

A ideia japonesa: um colosso invencível

Quando o Japão projetou o Yamato, a lógica era simples: se os Estados Unidos tivessem mais navios, os japoneses teriam um navio tão poderoso que poderia afundar três de uma vez. Seus canhões de 460 mm eram os maiores já montados em um navio de guerra. Além disso, sua blindagem era praticamente impenetrável para qualquer tiro direto.

Na teoria, o navio era imbatível. Mas na prática? Bom, os americanos simplesmente decidiram que não iam brincar desse jogo.

Quando a inteligência dos EUA interceptou mensagens revelando que o Yamato estava a caminho de uma missão suicida para Okinawa, a Marinha americana teve uma escolha: mandar seus próprios encouraçados e travar um duelo histórico… ou simplesmente acabar com tudo do jeito mais eficiente possível.

O Almirante Raymond Spruance, que comandava a Frota do Pacífico, nem pensou duas vezes. Mandar encouraçados para enfrentar o Yamato seria caro, arriscado e poderia terminar com navios americanos no fundo do oceano. Seria sobretudo um desastre para a moral do país. Em vez disso, ele fez o que qualquer comandante inteligente faria: mandou aviões.

A ideia econômica de enviar aviões no lugar de navios

A lógica era brutalmente simples:

  • Um avião torpedeiro custa infinitamente menos do que um encouraçado.
  • Um avião não leva milhares de marinheiros.
  • O Yamato, apesar de todo o seu poder de fogo, não podia fazer nada contra dezenas de aeronaves atacando ao mesmo tempo.
Bomba americana quase acerta bombordo do Yamato. Navio já estava emitindo fumaça branca da popa.
Bomba americana quase acerta bombordo do Yamato. Navio já estava emitindo fumaça branca da popa. Foto: USAF / Divulgação

Os japoneses até tentaram reforçar as defesas antiaéreas do navio, mas não fazia diferença. O poder aéreo americano já era avassalador.

O ataque final foi uma execução, não uma batalha.

Centenas de aviões vs um único navio

No dia 7 de abril de 1945, o Yamato foi atacado por mais de 300 aviões americanos. Foram mais de 10 torpedos e 8 bombas atingindo o encouraçado, que não teve nenhuma chance.

Os torpedos fizeram o trabalho sujo, atingindo principalmente o lado esquerdo do navio, causando um alagamento massivo. Em poucas horas, o orgulho da Marinha Imperial Japonesa estava virado de cabeça para baixo, explodindo e afundando no oceano. Mais de 3.000 marinheiros morreram. A grande besta dos mares foi reduzida a destroços e o Yamato, finalmente, afundou.

O encouraçado japonês nunca disparou um tiro contra um navio inimigo em toda a guerra.

O símbolo de uma era que já tinha acabado

O Yamato não afundou porque era um navio ruim. Pelo contrário, era o auge da tecnologia naval sobretudo dos anos 1930. O problema é que a guerra moderna não se baseava mais em encouraçados, mas sim em porta-aviões e aeronaves.

Os japoneses gastaram uma fortuna construindo um monstro que já nasceu obsoleto. E os americanos? Usaram a estratégia mais simples e eficaz possível: não enfrentaram o Yamato diretamente, apenas o esmagaram do céu.

Explosão do Yamato: navio afundou momentos depois.
Explosão do Yamato: navio afundou momentos depois. Foto: USAF / Divulgação

No final, a guerra não é sobre quem tem o maior navio, mas sim sobre quem se adapta mais rápido. E, nesse quesito, os americanos deram um banho nos japoneses.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.