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General brasileiro assume posição chave na ONU – e ganha condecoração dos EUA no processo

por Rafael Cavacchini Publicado em 09/02/2025
General brasileiro assume posição chave na ONU – e ganha condecoração dos EUA no processo

EUA condecora general brasileiro antes de missão no Congo – Reconhecimento ou diplomacia estratégica?

O Exército dos EUA resolveu dar um tapinha nas costas do General de Divisão Ulisses de Mesquita Gomes. O General foi recentemente designado para comandar a missão da ONU no Congo. Nesta semana, ele recebeu a condecoração “Legião do Mérito” (Grau Oficial), um reconhecimento por seu desempenho como Adido Militar do Brasil nos EUA entre 2021 e 2023.

A cerimônia ocorreu no Comando Logístico (COLOG) e foi conduzida pelo Coronel Chike Williams, Adido de Defesa dos EUA no Brasil. Também esteve presente o General de Exército Flavio Marcus Lancia Barbosa, Comandante Logístico. O evento serviu para reafirmar a já conhecida proximidade entre os exércitos dos dois países.

Mais um brasileiro no comando da MONUSCO

No final de janeiro, o Conselho de Segurança da ONU confirmou o General Ulisses como Force Commander da MONUSCO. Trata-se da missão da ONU para a estabilização na República Democrática do Congo. O General se torna o sexto brasileiro a assumir o posto, o que, de um lado, demonstra a confiança internacional no Exército Brasileiro, mas, de outro, levanta questões sobre o real impacto dessas operações na estabilização da região.

A República Democrática do Congo é um barril de pólvora, com milícias ativas, disputas políticas e uma crise humanitária sobretudo constante. O desafio do general será, entre outras coisas, lidar com o grupo rebelde M-23, que segue desafiando as forças da ONU e o governo congolês. Não será a primeira vez que o general encara um cenário de instabilidade – entre 2008 e 2009, ele esteve na missão da ONU no Haiti (Minustah), além de ter ocupado cargos estratégicos no Exército e na ONU.

Condecoração: mérito ou diplomacia?

O Exército dos EUA não costuma conceder condecorações à toa. Esse tipo de gesto faz parte de um jogo maior de relações diplomáticas e influência militar. A parceria Brasil-EUA em questões de defesa é forte, mas sempre tem um pano de fundo geopolítico. Afinal, manter aliados próximos – especialmente na América Latina – continua sendo um dos pilares da política externa americana.

Por outro lado, o Brasil reforça sua posição como um player relevante nas operações de paz da ONU, uma área em que o país tem investido há anos. Resta saber se o novo comandante conseguirá obter resultados concretos no Congo ou se a missão seguirá sendo mais um daqueles esforços internacionais que, no fim das contas, mudam pouco a realidade da população local.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.