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China ameaça domínio espacial dos EUA e pode provocar novo ‘momento Sputnik’, aponta relatório do CFR

por Sérvulo Pimentel Publicado em 13/02/2025
China ameaça domínio espacial dos EUA e pode provocar novo ‘momento Sputnik’, aponta relatório do CFR

O Conselho de Relações Exteriores (CFR) alerta: os Estados Unidos estão perdendo terreno no espaço. Em um relatório intitulado “Securing Space: A Plan for US Action” (Protegendo o Espaço: Um Plano de Ação dos EUA), divulgado nesta terça-feira (11), o CFR adverte que o país corre o risco de viver um novo “momento Sputnik”.

“No reino cada vez mais caótico do espaço, a posição dos Estados Unidos está caindo”, afirma o documento, citado pelo site Breaking Defense. Para manter a liderança, os EUA precisam dissuadir a China e, ao mesmo tempo, buscar um engajamento “direcionado” com Pequim.

O fantasma do Sputnik

O lançamento do Sputnik 1, em 1957, marcou o início da corrida espacial. O satélite soviético não só colocou a URSS à frente na disputa, mas também provocou pânico nos EUA. Agora, quase 70 anos depois, o CFR alerta que os americanos podem estar à beira de uma nova derrota estratégica.

Dissuadir e engajar – Relatório recomenda que os EUA freiem a China e negociem cooperação.
Em russo, Sputnik 1 significa companheiro viajante. (Foto: Domínio Público)

“De muitas maneiras, o país corre o risco de outro momento Sputnik”, conclui o relatório. A China, com seu avanço acelerado no espaço, é vista como a principal ameaça à hegemonia americana.

Ameaça chinesa e a necessidade de dissuasão

O relatório destaca que os EUA precisam superar a China e impedir que Pequim ataque com sucesso os ativos espaciais americanos. Mas não é só isso. O CFR recomenda um engajamento estratégico com o país asiático em áreas como gerenciamento de tráfego espacial e resgate de astronautas.

“Para proteger sua liderança no espaço, os Estados Unidos precisam buscar um envolvimento direcionado com Pequim”, diz o documento.

Sete recomendações para os EUA

O CFR lista sete ações urgentes para o governo americano. Entre elas, está a necessidade de fazer do espaço uma “prioridade nacional máxima”. O relatório sugere que o presidente Joe Biden convoque uma cúpula espacial intersetorial para revisar políticas e declarar sistemas espaciais como “infraestrutura crítica”.

Outra recomendação é revitalizar a liderança internacional dos EUA no espaço, fortalecendo o papel do Conselho de Segurança Nacional e reconsiderando a continuidade do Conselho Espacial Nacional.

Vulnerabilidades e resiliência

O relatório também pede medidas para corrigir vulnerabilidades e aumentar a dissuasão. Isso inclui proliferar e distribuir ativos espaciais para torná-los mais resilientes, além de desenvolver capacidades defensivas e sistemas de substituição rápida.

“Aumentar a conscientização do domínio espacial é crucial”, afirma o documento.

Espaço como bem comum

Por fim, o CFR defende que o espaço seja tratado como um “bem comum global”. O relatório reforça a importância do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe a reivindicação de territórios no espaço.

“Os Estados Unidos podem não ser sempre os primeiros a atingir novos destinos no espaço”, alerta o documento. Mas, para manter sua liderança, precisam agir agora.

Medidas recomendadas

O CFR propõe sete ações para garantir a liderança espacial americana:

  • Fazer do espaço uma prioridade nacional: O relatório sugere que o presidente Donald Trump convoque uma cúpula espacial para definir prioridades estratégicas.
  • Revitalizar a liderança internacional dos EUA no setor: Isso inclui fortalecer o Conselho de Segurança Nacional e avaliar a continuidade do Conselho Espacial Nacional.
  • Corrigir vulnerabilidades e reforçar a dissuasão: O documento destaca a necessidade de distribuir e fortalecer ativos espaciais, além de desenvolver tecnologias defensivas.
  • Aprimorar a política em relação à China: Os EUA devem buscar um engajamento estratégico com Pequim em questões como gerenciamento de tráfego espacial e resgate de astronautas.
  • Criar regras para o tráfego espacial: Washington precisa liderar a criação de normas para evitar colisões e reduzir detritos espaciais.
  • Incorporar o setor privado: A participação de empresas comerciais pode contribuir para o fortalecimento da política espacial.
  • Tratar o espaço como um bem comum global: O relatório recomenda que os EUA reafirmem seu compromisso com o Tratado do Espaço Exterior de 1967 para evitar disputas territoriais.
Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel