Uma revolução na exploração espacial pode estar mais próxima do que nunca. A General Atomics e a NASA anunciaram que testaram com sucesso um novo tipo de combustível de reator de propulsão térmica nuclear no NASA Marshall Space Flight Center, no Alabama.

O avanço tecnológico pode permitir que humanos cheguem a Marte em apenas 45 dias, uma redução drástica em relação aos seis meses necessários atualmente. A notícia, divulgada pelo site especializado Boy Genius Report (BGR) e confirmada pela própria General Atomics, marca um avanço crucial para missões espaciais de longa distância.

Tecnologia de ponta: combustível que resiste a condições extremas

De acordo com a General Atomics, os testes realizados em parceria com a NASA demonstraram que o novo combustível é capaz de suportar temperaturas extremas de até 2.600 Kelvin (4.220 °F). Cada ciclo de teste incluiu uma espera de 20 minutos no desempenho máximo, comprovando a resistência do material à erosão e degradação pelo hidrogênio quente.

“Os resultados dos testes recentes representam um marco crítico na demonstração bem-sucedida do projeto de combustível para reatores NTP (Propulsão Térmica Nuclear)”, afirmou Scott Forney, presidente da General Atomics Electromagnetic Systems (GA-EMS) em entrevista.

“O combustível deve sobreviver a temperaturas extremamente altas e ao ambiente de gás hidrogênio quente que um reator NTP operando no espaço normalmente encontraria. Estamos muito encorajados pelos resultados positivos dos testes, provando que o combustível pode sobreviver a essas condições operacionais, nos aproximando da realização do potencial de propulsão térmica nuclear segura e confiável para missões cislunares e no espaço profundo”, concluiu Forney.

A Dra. Christina Back, vice-presidente de Tecnologias e Materiais Nucleares da empresa, destacou que o combustível pode proporcionar uma eficiência de duas a três vezes maior do que os motores de foguetes químicos convencionais. “Estamos entusiasmados em continuar nossa colaboração com a NASA à medida que amadurecemos e testamos o combustível para futuras arquiteturas de missão cislunar e Marte”, completou Back.

Redução drástica no tempo de viagem

Se concretizada, a nova tecnologia representará um salto gigantesco para a exploração espacial. Atualmente, missões tripuladas a Marte levariam cerca de sete meses, segundo informações divulgadas pela NASA. Além do tempo prolongado, viagens espaciais tão longas expõem os astronautas a uma série de riscos, como perda de massa óssea e dificuldades de comunicação – um problema ainda mais crítico devido à lacuna de 20 minutos no envio e recebimento de mensagens entre a Terra e Marte.

Com a nova tecnologia, que utiliza elementos combinados de propulsão térmica nuclear (NTP) e elétrica (NEP), o tempo de trânsito poderia ser reduzido para 45 dias. A General Atomics ressaltou que o reator nuclear é capaz de alimentar sistemas avançados, potencializando a velocidade das naves.

“Este desenvolvimento nos aproxima da realização do potencial de propulsão térmica nuclear segura e confiável para missões cislunares e no espaço profundo”, declarou Forney.

Histórico de pesquisa e próximos passos

Embora inovadora, a ideia de sistemas de propulsão nuclear não é nova. A pesquisa inicial remonta à Corrida Espacial, nos anos 1960, quando tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética exploraram a tecnologia. Nas últimas décadas, a NASA retomou o interesse por reatores nucleares, buscando criar uma espaçonave bimodal – um sistema que combina propulsão térmica e elétrica.

Os testes recentes foram realizados sob um contrato gerenciado pela Battelle Energy Alliance, no Idaho National Lab (INL). Apesar do avanço, a General Atomics e a NASA ressaltam que ainda há um longo caminho até que um sistema de propulsão nuclear seja totalmente funcional.

“O sucesso dos testes é encorajador, mas o desenvolvimento completo da tecnologia ainda está em suas etapas iniciais”, afirmou a General Atomics.

Um futuro mais rápido e seguro

A parceria entre a NASA e empresas como a General Atomics e a SpaceX é crucial para o futuro da exploração espacial. Conforme destacou o BGR, a criação de espaçonaves nucleares reduziria o tempo de viagem não apenas a Marte, mas também a outros planetas do sistema solar, tornando a exploração espacial mais acessível e segura.

Com um investimento contínuo em pesquisa e tecnologia de ponta, a humanidade pode estar a poucos passos de tornar realidade o sonho de explorar o Planeta Vermelho – em tempo recorde.