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Invadir o Brasil! A verdade (mesmo) sobre nossas Forças Armadas

por Rafael Cavacchini Publicado em 24/01/2025
Invadir o Brasil! A verdade (mesmo) sobre nossas Forças Armadas

Ah, o Brasil. Uma terra imensa, cheia de desafios naturais e algumas surpresas militares que, vamos combinar, não são fáceis de ignorar. Tem gente que adora especular: “O quão difícil seria invadir o Brasil, esse gigante verde e amarelo?” A resposta curta é: muito difícil. A resposta longa? A Revista Sociedade Militar decidiu detalhar.

Um gigante armado até os dentes

Primeiro, é preciso deixar uma coisa clara: o Brasil é a maior potência militar da América Latina. De acordo com rankings especializados, o país lidera com folga na região, deixando para trás concorrentes como México e Venezuela. Inclusive, esta última, tão barulhenta com as ameaças do presidente Nicolás Maduro, está apenas afundando em sua própria crise.

E o Brasil não está brincando em serviço. Possui o único navio aeródromo operacional da região, o PHM Atlântico. Além disso, o país possui uma frota substancial de submarinos operacionais (e um nuclear em fase final de desenvolvimento), fragatas de última geração e até mesmo mísseis antinavio próprios, como o MANSUP. É tecnologia desenvolvida aqui, o que não é pouca coisa.

Quem quiser invadir o Brasil precisa enfrentar o Navio Aeródromo Atlântico, em operação pela Marinha do Brasil.
Quem quiser invadir o Brasil precisa enfrentar o Navio Aeródromo Atlântico, em operação pela Marinha do Brasil. Foto: Divulgação / Marinha do Brasil

Para quem acha que isso é só propaganda, um exemplo prático. Em 2010, durante o exercício militar conjunto PASSEX, o submarino Tikuna (S-34) conseguiu “afundar” o porta-aviões americano USS Carl Vinson em um treinamento. Para quem não conhece, o Carl Vinson carrega cerca de 70 caças F/A-18 Super Hornet.

Se isso ainda não parece o suficiente, o Brasil conta com o GRUMEC (Grupo de Mergulhadores de Combate). Esses militares estão no mesmo nível de unidades de elite como os SEALs americanos ou o SBS britânico. Com um treinamento que reprova cerca de 60% dos candidatos, o GRUMEC é especializado sobretudo em operações subaquáticas e infiltração silenciosa. Ou seja, poder para invasor nenhum botar defeito.

Controle aéreo e tecnologia de ponta

Se um inimigo decidisse invadir o Brasil por meios aéreos, os problemas só aumentariam. O sistema de radar Cindacta IV cobre uma área absurda de 5,2 milhões de quilômetros quadrados, incluindo toda a Amazônia brasileira. E com a ajuda dos lendários Super Tucanos e, principalmente, do moderno Gripen F-39E (um caça de geração 4+ que já entrou em operação), a Força Aérea Brasileira garante o controle dos céus.

O Gripen, a aeronave mais moderna da Força Aérea Brasileira.
O Gripen, a aeronave mais moderna da Força Aérea Brasileira. Foto: Divulgação / FAB

Para transporte e suporte, o Brasil também tem o Embraer C-390 Millennium e o R-99, um sistema AWACS de reconhecimento aéreo. Basicamente, se um inimigo tentar entrar por cima, é bem provável que nem veja o que o atingiu.

Amazônia: um pesadelo para qualquer invasor

Agora, se a ideia for invadir o Brasil através da Amazônia… boa sorte. Além de ser uma das florestas mais densas do mundo, o Brasil tem o Comando Militar da Amazônia (CMA) para proteger a região. Com diversas brigadas de infantaria especializadas, pelotões de fronteira e o renomado Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), o país transforma a selva em um verdadeiro campo de guerra.

Soldado brasileiro patrulha Selva Amazônica.
Soldado brasileiro patrulha Selva Amazônica. Foto: CIGS / Exército Brasileiro / Divulgação

E o ambiente natural não ajuda. A chuva constante, o calor sufocante e os rios praticamente intransponíveis já seriam suficientes para desanimar qualquer exército. Some isso a cobras venenosas, onças e soldados brasileiros estrategicamente posicionados em árvores, e o resultado é uma combinação letal para qualquer invasor.

Polêmicas à parte

No entanto, apesar de todo o poder militar, o Brasil enfrenta desafios sérios. O orçamento da defesa não é dos maiores, e muitas dessas forças precisam operar com recursos limitados. Além disso, há críticas de que as forças armadas brasileiras são melhor equipadas para um cenário defensivo do que para projeções de força ofensiva.

E há também o velho debate sobre as prioridades nacionais. Com tantas áreas críticas, como saúde, educação e infraestrutura, alguns questionam se o país deveria gastar tanto em defesa. Mas, para outros, a manutenção de um poder militar forte é essencial, especialmente considerando o tamanho do Brasil e os interesses estratégicos, como a Amazônia.

Contudo, invadir o Brasil seria uma tarefa hercúlea. Entre o tamanho do país, a diversidade de seus terrenos e a estrutura militar bem organizada, qualquer tentativa seria sobretudo um desastre logístico e militar.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.