Exército Brasileiro e EUA se reúnem para discutir Parceria Tecnológica: Projeto Bilateral seria avanço ou dependência tecnológica?

Mais uma vez, o Exército Brasileiro tenta mostrar serviço com anúncios pomposos sobre colaborações bilaterais. Entre os dias 9 e 13 de dezembro, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro foi palco de reuniões técnicas relacionadas ao Projeto PA A-23-0001. O projeto bilateral entre o Exército Brasileiro e os EUA envolve o desenvolvimento de munições de alcance estendido para sistemas de morteiros de 120 mm. O acordo, firmado com o Exército dos Estados Unidos, promete interoperabilidade entre as forças armadas das “nações amigas”. Mas será que o entusiasmo em volta do tema resolverá as falhas estruturais crônicas de sempre?
O que aconteceu na reunião?
O evento contou com representantes do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), do Departamento de Ciência e Tecnologia (EPDI/DCT) e de várias outras instituições brasileiras. Além disso, participou da reunião o Centro de Armamentos do Comando de Desenvolvimento de Capacidades de Combate do Exército dos Estados Unidos (DEVCOM-AC). Durante o encontro, foram discutidos avanços em parâmetros de desempenho, desenvolvimento de soluções tecnológicas, planejamento de fabricação de componentes e definições de testes de protótipos.
Todo esse esforço culminou na assinatura de um documento revisado, o “Project Management Plan (PMP)”, que formaliza o andamento do projeto.

Embora o discurso seja de “cooperação entre nações amigas”, a realidade parece menos romântica. O Brasil frequentemente celebra projetos desse tipo como conquistas. No entanto, na prática, essas colaborações mostram uma dependência tecnológica que o país ainda não conseguiu superar. A iniciativa com os EUA é apenas mais um exemplo de como as Forças Armadas brasileiras ainda carecem de autonomia em áreas cruciais, como armamentos de precisão.
Se por um lado é positivo que o Brasil esteja envolvido no desenvolvimento de tecnologia avançada, por outro, é inevitável perguntar: até que ponto essas parcerias realmente beneficiam o país? Na maioria das vezes, acabamos ficando com a parte menos interessante – a montagem e testes – enquanto os grandes ganhos tecnológicos permanecem nas mãos de quem já domina o mercado.
E a base industrial de Defesa Brasileira?
Outro ponto crítico é a constante exclusão da Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) de iniciativas mais amplas. Embora a empresa tenha participado do projeto, seu papel é frequentemente limitado à fabricação, enquanto a pesquisa e desenvolvimento ficam sob controle de instituições externas. Isso perpetua um ciclo onde a Base Industrial de Defesa brasileira não avança como deveria.
O desenvolvimento de munições de alcance estendido é, sem dúvida, um avanço técnico importante. Mas, como já vimos tantas vezes, projetos bilaterais costumam trazer mais benefícios para os parceiros do que para o Brasil. O Exército Brasileiro precisa parar de celebrar pequenos progressos como se fossem revoluções. Enquanto as Forças Armadas não enfrentarem de frente a falta de planejamento estratégico e a dependência tecnológica, eventos como esse continuarão sendo nada mais do que vitrines bonitas para esconder os problemas estruturais de sempre.