Marte pode estar influenciando o clima da Terra: novo estudo revela conexão entre gravidade do planeta vermelho e aquecimento global cíclico.

Um estudo recente aponta que a gravidade de Marte pode estar influenciando o clima da Terra de maneiras inesperadas. Pesquisadores sugerem que interações gravitacionais entre os dois planetas podem provocar alterações sutis na órbita terrestre, levando a aquecimentos cíclicos a cada 2,4 milhões de anos. Essas descobertas, publicadas na revista Nature Communications, abrem uma nova perspectiva sobre a influência de fatores celestiais no clima terrestre.
De acordo com os cientistas, Marte e Terra exercem forças gravitacionais uma sobre a outra, mesmo estando separados por dezenas de milhões de quilômetros. Durante períodos de oposição, quando Marte está mais próximo da Terra, sua gravidade causa pequenos ajustes na órbita terrestre. Embora essas mudanças sejam quase imperceptíveis em curto prazo, elas se acumulam ao longo de milhões de anos, impactando o formato da órbita da Terra e sua inclinação.
Essas variações orbitais estão relacionadas aos chamados “grandes ciclos astronômicos”, que parecem influenciar os padrões de circulação profunda dos oceanos terrestres. Segundo o estudo, períodos de maior proximidade com Marte podem resultar em um aumento na radiação solar recebida pela Terra, contribuindo para um aquecimento global cíclico. Esses ciclos coincidem com mudanças na força das correntes marítimas de grande profundidade, conhecidas por redistribuir calor e nutrientes nos oceanos.
Dados de satélites analisados pelos pesquisadores mostram lacunas no registro geológico dos fundos oceânicos. Essas falhas sugerem que correntes mais vigorosas, desencadeadas por períodos de aquecimento, podem ter interrompido a deposição de sedimentos. Tais descobertas oferecem uma visão fascinante sobre como fatores cósmicos, como a gravidade de Marte, podem moldar os processos naturais na Terra.
Um exemplo citado no estudo é o impacto dessas correntes no sistema de circulação do Atlântico, conhecido como Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC). Este sistema desempenha um papel crucial na distribuição de calor entre os hemisférios e está sob ameaça devido às mudanças climáticas modernas. No entanto, os pesquisadores acreditam que os ciclos gravitacionais de Marte podem ajudar a sustentar essa circulação vital, mesmo em cenários de aquecimento global severo.
Os cientistas explicaram que a ressonância gravitacional entre os planetas altera a excentricidade da órbita terrestre, ou seja, o quanto ela se afasta de um formato circular. Essas mudanças, embora mínimas, têm impactos significativos no longo prazo. Além disso, essa pesquisa reforça a interconexão entre os processos astronômicos e os sistemas naturais da Terra, destacando como forças distantes podem ter implicações locais.
Importante ressaltar que o estudo não relaciona esses efeitos de Marte ao aquecimento global atual, que é impulsionado pela ação humana e emissões de gases do efeito estufa. Contudo, as descobertas ampliam nosso entendimento sobre os complexos mecanismos que moldam o clima do planeta e oferecem novos caminhos para explorar a resiliência dos sistemas oceânicos.
Os autores da pesquisa esperam que essas revelações inspirem mais investigações sobre a influência dos planetas vizinhos em nossa história geológica. Além disso, o estudo reforça a importância de monitorar a interação entre a Terra e outros corpos celestes, oferecendo insights valiosos sobre a evolução climática em escalas de tempo astronômicas.
Com informações de: earth