Mais 16 oficiais pedem transferência para a reserva após anúncio de novas regras de aposentadoria militar

A crise na carreira militar se aprofunda. Apenas um dia após a Revista Sociedade Militar alertar para uma debandada de oficiais em decorrência das mudanças nas regras de aposentadoria, mais 16 militares pediram transferência para a reserva remunerada, conforme portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (4). A decisão dos oficiais se dá em meio a um cenário de incertezas e apreensão nas Forças Armadas, motivado pelas novas medidas propostas pelo governo.
O movimento reflete a preocupação da categoria com as alterações previstas. Entre as principais medidas estão a fixação de idade mínima de 55 anos para aposentadoria até 2030, a extinção da transferência ex-officio e a equalização da contribuição ao fundo de saúde em 3,5% até janeiro de 2026.
Debandada preocupa cúpula militar
A tensão aumentou após audiência recente entre os comandantes das Forças Armadas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a Revista Sociedade Militar, os chefes militares alertaram para um aumento inédito nos pedidos de transferência para a reserva, com oficiais que atingiram 30 anos de serviço deixando suas funções antes de completar os 55 anos exigidos pela nova regra.
O modelo de carreira baseado no tempo de serviço, que sempre foi um pilar nas Forças Armadas, tem sido diretamente afetado. Essa incerteza tem levado oficiais a anteciparem suas saídas, temendo perder direitos adquiridos sob o sistema atual.
Lista de transferências cresce
Entre os nomes publicados na portaria assinada pelo general de brigada Márcio Cossich Trindade, destacam-se coronéis de diversas especialidades e um tenente-coronel dentista. Todos passam para a reserva remunerada a partir de 1º de janeiro de 2025.
Impacto nas Forças Armadas
A debandada não só altera o fluxo natural de promoções, como também pode gerar desafios operacionais. Analistas apontam que o governo precisará equilibrar as reformas com a manutenção de um ambiente de estabilidade entre os militares, evitando que as saídas comprometam a capacidade de comando e planejamento da instituição.
As mudanças também incluem a revisão da contribuição para o fundo de saúde, gerando insatisfação entre militares que vêem a medida como mais um aumento na carga financeira. Com as novas regras previstas para entrarem em vigor em 2030, a expectativa é que os pedidos de transferência continuem em alta nos próximos meses.