Favela de onde partiu tiro que matou Médica Capitã de Mar e Guerra é ponto estratégico do Comando Vermelho: Hospital Naval é rodeado por 4 barricadas dentro da área de jurisdição da Marinha

O Complexo do Lins, conjunto de favelas de onde partiu o tiro que matou a médica e Capitã de Mar e Guerra da Marinha, Gisele Mendes de Souza e Mello, é ponto estratégico para o Comando Vermelho (CV), maior facção criminosa do Rio de Janeiro.
Segundo publicação do jornal Extra em 25 de dezembro, investigações da Polícia Civil apontam que bandos armados partem frequentemente das 12 comunidades do complexo para participar de invasões a área dominadas por rivais e roubar veículos em cerca de 10 bairros das Zonas Oeste e Norte, como Barra da Tijuca, Recreio, Maracanã e Méier.
A Polícia descobriu que parte dos carros roubados é clonada, quando não é vendida ou usada em outros assaltos, e o restante desmanchado para venda ilegal de peças.
Ainda de acordo com o Extra, o lucro obtido com as atividades ilegais abastece os cofres do Comando Vermelho, de onde são retirados recursos para a compra de armas, munições e dar suporte financeiro a parentes de detentos e pessoas ligadas aos chefes da facção.
Barricadas dentro da área de jurisdição da Marinha
Nas proximidades do Hospital Naval Marcílio Dias, onde a médica foi ferida no auditório no dia 10 de dezembro, existem pelo menos 4 barricadas (barreiras montadas por bandidos). Segundo o jornal carioca, elas estão na Rua Heráclito Graça, Maria Luíza, Sincorá e Eufrásio Borges.
As localizações apontam que as barricadas estão dentro do perímetro de 1.320 metros da unidade de saúde, sob jurisdição da Marinha.
A medida de 1.320 metros é determinada pelo Decreto-lei número 3.437, de 17 de julho de 1941. Pela norma é interpretado que essas áreas que margeiam organizações militares são indispensáveis à defesa e por isso as Forças Armadas têm o direito constitucional de exercer a segurança até o limite do perímetro.
Dois dias após a morte da Capitã de Mar e Guerra, ao menos 8 blindados da Força Naval e 250 fuzileiros circulavam pela região do Complexo do Lins. Em nota à imprensa, a Força Naval informou na ocasião que realizava ação ostensiva para garantir a segurança dos profissionais e pacientes.
Na nota, a Marinha não dava previsão de término da ação.
“No intuito de garantir a segurança da tripulação e usuários do Hospital Naval Marcílio Dias, a Marinha do Brasil exercerá ação de presença com meios de fuzileiros navais, na área sob sua jurisdição, adjacente àquela organização militar, até o limite máximo de 1.320 metros do seu perímetro”.