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Drones, mercenários e treinamento militar: a guerra entre Rússia e Ucrânia ganha um novo capítulo na Síria, impactando política, segurança e a crise humanitária.

por Alves Publicado em 18/12/2024
Drones, mercenários e treinamento militar: a guerra entre Rússia e Ucrânia ganha um novo capítulo na Síria, impactando política, segurança e a crise humanitária.

Em uma trama que cruza continentes, a guerra entre Ucrânia e Rússia encontra um novo palco: a Síria. De acordo com informações divulgadas pelo Washington Post, pelo menos 150 drones e 20 operadores especializados foram enviados por Kiev à província de Idlib, com o objetivo de apoiar grupos rebeldes locais, como o Ha’yat Tahrir al-Sham (HTS). Embora esses equipamentos possam ser usados contra forças sírias, o foco principal parece ser atacar posições militares russas na região.

Kiev já havia admitido operar fora de suas fronteiras em missões contra Moscou. Em junho, o Kyiv Post publicou vídeos mostrando forças especiais ucranianas combatendo ao lado de milícias rebeldes sírias contra mercenários russos. Os confrontos se concentraram em áreas como as colinas de Golã, com ataques diretos a postos avançados, veículos militares e patrulhas russas. Este apoio se intensificou em dezembro, segundo o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, que confirmou a presença de instrutores ucranianos em Idlib.

A aliança entre a Ucrânia e grupos rebeldes sírios não se limita ao envio de drones. Segundo Nebenzia, armamentos e tecnologia de ponta, como módulos GPS codificados, estão sendo fornecidos aos combatentes. O avanço dessas forças chegou ao ponto de alcançar a capital Damasco, marcando uma reviravolta no conflito que antes era dominado pela influência militar russa e pela estabilidade relativa do regime de Bashar Al-Assad.

A Rússia, por sua vez, tem uma longa história de envolvimento no conflito sírio, atuando ao lado de Assad desde 2015 para conter rebeldes jihadistas. Contudo, com a invasão da Ucrânia em 2022, Moscou precisou redirecionar tropas e equipamentos de outras regiões, incluindo a Síria, para reforçar seu esforço de guerra. Além disso, relatos indicam que mercenários sírios estão sendo recrutados para lutar no Donbass, evidenciando um fluxo de combatentes e recursos entre os dois teatros de guerra.

O treinamento desses mercenários ocorre em bases sírias como Kuweires, onde são capacitados para combates urbanos. Após o treinamento, eles seguem para a base aérea de Khmeimim, antes de serem enviados para a Rússia. Lá, muitos recebem passaportes russos e se juntam às forças de ocupação. Segundo um relatório de fevereiro de 2024, cerca de mil combatentes sírios participaram desse processo, destacando o intercâmbio de recursos humanos entre os conflitos.

A dinâmica entre os dois conflitos reflete uma complexa rede de alianças e interesses. Enquanto a Ucrânia busca enfraquecer Moscou em diferentes frentes, a Rússia tenta manter sua posição estratégica na Síria, mesmo enfrentando desafios em casa. O uso de mercenários, drones e estratégias de guerra híbrida demonstra como o conflito na Ucrânia reverbera em outros cantos do mundo, redefinindo fronteiras e zonas de influência.

Com informações de: ilfattoquotidiano

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