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China divulga ‘lista de mortes’ e avanços tecnológicos para neutralizar porta-aviões dos EUA em guerra eletrônica

por Sérvulo Pimentel Publicado em 18/12/2024
China divulga ‘lista de mortes’ e avanços tecnológicos para neutralizar porta-aviões dos EUA em guerra eletrônica

A China traçou um plano detalhado para neutralizar os grupos de ataque de porta-aviões dos Estados Unidos em um eventual conflito, segundo um novo relatório militar chinês. A publicação, divulgada pela Unidade 92728 do Exército de Libertação Popular (ELP), lista os radares, sensores e sistemas de comunicação da Marinha americana como alvos prioritários para ataques eletrônicos.

De acordo com o South China Morning Post, a China está desenvolvendo capacidades avançadas de guerra eletrônica para neutralizar esses grupos de ataque em potenciais confrontos futuros. O relatório, publicado na revista Defence Industry Conversion in China e supervisionado pela Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional, identifica sistemas críticos como radares, sensores e comunicações militares como alvos prioritários.

Alvos prioritários: radares e comunicações

O relatório, assinado por Mo Jiaqian, especialista em contramedidas eletrônicas da Unidade 92728 do PLA, enfatiza as vulnerabilidades do sistema Cooperative Engagement Capability (CEC), essencial para a defesa aérea e o alerta antecipado da frota americana. Segundo Mo, a dependência do CEC em links de comunicação sem fio torna o sistema suscetível à desconexão quando submetido a ataques eletrônicos.

China identifica vulnerabilidades críticas nos radares e sistemas de comunicação dos EUA em eventual conflito. (Foto: SCMP/Reprodução)

O radar AN/SPY-1, utilizado em navios equipados com o sistema Aegis, é um dos principais alvos identificados. Em uso há mais de 40 anos, ele pode ser comprometido por interferências e técnicas modernas, como drones que geram alvos falsos e ruído eletromagnético, reduzindo a eficácia da rede.

Outro ponto frágil identificado é a aeronave de alerta antecipado E-2C Hawkeye, fundamental para coordenar operações navais. A desativação deste sistema poderia prejudicar a prontidão operacional dos grupos de porta-aviões.

“Lista de mortes”: vulnerabilidades expostas

De acordo com o relatório, o PLA também investiga formas de explorar os transponders de sinais militares dos EUA. A imitação de sinais ou o envio massivo de solicitações de identificação poderia sobrecarregar as redes, desestabilizando a capacidade de defesa cooperativa dos EUA.

A revelação vem após supostos confrontos eletrônicos entre China e EUA, incluindo um incidente em junho na região das Filipinas, onde as forças americanas sofreram interferência severa, perdendo sinais de GPS e comunicação.

Integração civil-militar fortalece avanços chineses

Um dos fatores que impulsionam as capacidades de guerra eletrônica da China é a integração entre as indústrias civil e militar. Mais de 90% das novas tecnologias civis desenvolvidas no país podem ser adaptadas para uso militar, acelerando a modernização das forças armadas.

Embora os EUA continuem impondo sanções às empresas chinesas, as restrições têm impulsionado ainda mais a colaboração entre o setor privado e o setor de defesa da China.

O relatório é um sinal claro de que a China busca neutralizar a superioridade naval dos EUA ao expor e explorar suas vulnerabilidades tecnológicas em um eventual confronto. Com uma “lista de mortes” de sistemas essenciais identificada pelo PLA, a guerra eletrônica pode se tornar o principal campo de disputa entre as duas potências militares.

 

Sérvulo Pimentel

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