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“Se explodam!”: Forças Armadas, encurraladas, padecem sem apoio popular na internet

por Sociedade Militar Publicado em 14/11/2024 — Atualizado em 15/11/2024
“Se explodam!”: Forças Armadas, encurraladas, padecem sem apoio popular na internet

Apesar de divulgarem índices de confiança e status elevados, como o percentual de apoio, as Forças Armadas brasileiras enfrentam, diariamente, uma onda crescente de críticas nas redes sociais. A percepção pública, especialmente no ambiente virtual, revela uma postura bastante dura por parte da sociedade, que parece não só questionar o papel atual e a atuação dos militares, como também não demonstra empatia frente à possibilidade da imposição de duríssimas restrições orçamentárias que têm sido mencionadas pelo governo.

Caso os cortes sejam concretizados, o impacto – pelo que se percebe – será particularmente sentido pelos militares da base e pensionistas, os quais, com salários mais modestos, poderão enfrentar dificuldades financeiras.

A falta de apoio popular em favor das Forças Armadas

A situação atualmente percebida nas redes sociais, que normalmente espelham aquilo que sente-se no “mundo físico”, marcada pela falta de apoio popular, surge como uma das primeiras consequências das polêmicas envolvendo as Forças Armadas e a transição governamental de 2022. Os ataques diretos contra as Instituições Militares, com frequentes menções aos nomes dos comandantes, como o do General de Exército Tomás Miguel Miné, não poupam palavras duras como traição e perfídia.

Esse cenário, muito complicado, levanta questionamentos sobre como essa perda de respaldo público pode, na prática, abrir espaço para que setores do governo avancem com cortes nos salários e no orçamento destinados aos militares.

O contexto da perda de apoio e críticas nas redes

Nas últimas décadas, as Forças Armadas brasileiras desfrutaram durante bastante tempo de um status elevado junto à população. Instituições como o Exército, a Marinha e a Aeronáutica eram vistas como pilares de disciplina e organização, sendo consideradas a última possibilidade de socorro em caso de rompantes de autoritarismo por parte de governantes. Principalmente por esse motivo, as redes sociais das Forças Armadas brasileiras cresceram muito e hoje possuem milhões de seguidores.

Entretanto, nos últimos anos, uma série de eventos políticos e sociais alterou radicalmente a percepção pública. A crise de confiança é evidente e atingiu, principalmente, os altos comandos das Forças Armadas, que, segundo parte da população, teria tomado decisões que contrariam os interesses e valores tradicionais da instituição.

As redes sociais se tornaram o palco principal dessas críticas, onde milhares de usuários manifestam abertamente sua decepção e até revolta com a atuação das Forças Armadas. Termos como “traição”, “perfídia” e “abandono” têm sido usados para descrever a postura dos militares em relação ao povo brasileiro. A sensação de que a instituição se distanciou de sua base de apoio tem alimentado sentimentos negativos, que variam entre a frustração e o desprezo.

Redes sociais das Forças Armadas - comentários
Redes sociais das Forças Armadas – comentários

O discurso predominante nas redes sociais sugere que, para muitos, as Forças Armadas deixaram de representar uma instituição confiável. Essa mudança de percepção tem levado alguns setores da sociedade a defenderem que cortes de gastos são uma forma de “punição” ou “justiça” frente ao que consideram uma “traição” da instituição ao seu papel de defesa dos interesses populares.

A indiferença em relação às dificuldades dos militares da base, como sargentos, cabos e soldados

Comentários em redes sociais mostram rejeição contra Forças Armadas
Comentários em redes sociais mostram rejeição contra Forças Armadas

Desejo de Retaliação

Muitos comentários demonstram um desejo de punição aos militares, como cortes de salários, perda de benefícios, ou mesmo que “se explodam”. A ideia de que merecem “1000x mais cortes” ou que devem ser deixados em uma situação semelhante à Venezuela reforça o desejo de retaliação. Esse sentimento indica que parte da sociedade vê os cortes orçamentários como uma espécie de justiça ou consequência pelas ações dos militares.

Indignação e Acusação de Traição

Vários comentários acusam os militares de traírem a população ou suas bases. A utilização de palavras fortes, como “traíras”, “abandonados” e “melancias” (referindo-se à ideologia percebida como dupla dos comandantes) revela um sentimento de indignação e uma sensação de traição. Há uma crítica ao que é visto como aliança dos militares com forças políticas adversárias, que, segundo os comentários, contradiz o papel esperado da instituição.

Perda de Confiança e Descrença

A perda de confiança na instituição é evidente. Comentários como “Colhendo o que plantaram… vcs vão penar nas mãos desse governo” e “Agora quem apoiará os comandantes?” mostram uma descrença na capacidade dos militares de se redimir ou reconquistar a confiança do povo. Muitos sentem que o Exército abandonou seus ideais e seus apoiadores, e essa desconfiança tende a agravar o sentimento de rejeição.

A base e o arroxo salarial

Em meio a essa complexa teia de sentimentos e percepções, os militares da base são as principais vítimas, os mais afetados pela situação atual caso de fato o governo imponha um arroxo salarial. Esses homens e mulheres, que compõem a maior parte da estrutura das Forças Armadas, vivem com salários relativamente baixos, principalmente em comparação com os altos oficiais e com forças de segurança pública. A perspectiva de cortes orçamentários preocupa, pois indica que benefícios essenciais e até o orçamento para a saúde poderão ser reduzidos ou eliminados, comprometendo a qualidade de vida dos soldados.

A indiferença da sociedade brasileira em relação a essas dificuldades indica uma mudança de postura que pode ser prejudicial e acabar endossando a pretensão de setores do governo de restringir o orçamento para o Ministério da Defesa. Comentários nas redes sociais revelam que muitos brasileiros acreditam que os cortes são justificados ou até merecidos. Essa visão é baseada na ideia de que as Forças Armadas deixaram de atender às expectativas populares e, portanto, devem arcar com as consequências de suas escolhas institucionais e políticas.

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