Cientistas descobriram que a rotação da Terra, ou seja, a velocidade com que o planeta gira em torno de si mesmo, não é constante. Essa variação na velocidade coincidiu com eventos cruciais na evolução da vida. Publicado nesta quinta-feira, 29 de agosto, pelo South China Morning Post, o estudo, liderado por pesquisadores chineses, revela que a Terra já girou mais rápido no passado e que, em certos momentos, desacelerou significativamente.

A Lua e as marés são as culpadas

O ponto central da pesquisa é que o planeta Terra não gira exatamente a 24 horas por dia de forma contínua. A principal causa dessa desaceleração é a interação gravitacional entre a Terra e a Lua.

A força da gravidade lunar causa as marés, e o atrito entre as marés e o fundo do oceano age como um freio, fazendo com que a rotação da Terra diminua gradualmente. Como resultado, a Lua se afasta lentamente do nosso planeta.

Momentos-chave de desaceleração

O estudo, que envolveu também cientistas da França, Alemanha e Irlanda, identificou dois períodos históricos em que a desaceleração da rotação foi especialmente pronunciada:

• Explosão Cambriana: Cerca de 540 milhões de anos atrás, teria havido uma explosão de vida na Terra, com o surgimento de uma grande variedade de organismos complexos. A desaceleração da Terra nesse período pode ter contribuído para as mudanças nas condições dos oceanos, tornando-as mais favoráveis para a evolução da vida.
• Grande Morte: Há cerca de 250 milhões de anos, teria ocorrido a maior extinção em massa da história da Terra, eliminando cerca de 90% das espécies marinhas. A desaceleração da Terra nesse período pode ter contribuído para as mudanças climáticas e vulcânicas que causaram essa catástrofe.

Impactos no clima e nos oceanos

As mudanças na rotação da Terra podem ter tido um grande impacto no clima e nos oceanos, alterando a distribuição de calor e a circulação das correntes marinhas. Essas mudanças, por sua vez, influenciaram a evolução da vida, criando novas oportunidades e desafios para os organismos.

Durante esses períodos, teriam ocorrido mudanças na temperatura e nos níveis de sal das águas oceânicas, fatores que podem ter influenciado diretamente as condições climáticas da Terra. Essas alterações nos ambientes marinhos foram cruciais para a evolução da vida, criando condições favoráveis para o surgimento e diversificação de novas formas de vida marinha.

Importância da pesquisa

A pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, abre novas perspectivas para a compreensão da história da Terra e da evolução da vida. Ao relacionar a rotação do planeta com eventos tão importantes, os cientistas demonstram a complexa interação entre os processos geológicos e biológicos que moldaram o mundo em que vivemos.