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O dilema nuclear: como a Microsoft enfrenta as críticas ao reativar a Usina Nuclear de Three Mile Island

por Rafael Cavacchini Publicado em 21/09/2024
O dilema nuclear: como a Microsoft enfrenta as críticas ao reativar a Usina Nuclear de Three Mile Island

A Microsoft está prestes a reiniciar um capítulo controverso na história da energia nuclear nos Estados Unidos.

Ao assinar um acordo com a Constellation Energy para reativar a Unidade 1 da Usina Nuclear Three Mile Island, a gigante da tecnologia se posiciona para fornecer energia exclusivamente para suas operações de inteligência artificial (IA) a partir de 2028. Essa decisão levanta questões sobre a segurança e viabilidade das usinas nucleares, além de debates sobre o impacto ambiental que o aumento da demanda por energia limpa pode gerar.

O retorno da Usina Nuclear de Three Mile Island

Situada na Pensilvânia, a Usina Nuclear Three Mile Island foi desativada em 2019 devido a problemas operacionais. Com a reativação da Unidade 1 prevista para ocorrer até 2028, a Microsoft garante acesso a 835 megawatts de energia, suficiente para abastecer cerca de 800 mil residências. De acordo com a Reuters, “a unidade de Three Mile Island fornecerá energia para a gigante da tecnologia”.

A Constellation planeja investir cerca de US$ 1,6 bilhão na renovação da usina, marcando o primeiro reinício de uma usina nuclear nos EUA após um fechamento. Esse fato sinaliza uma mudança no cenário energético do país, com um aumento na procura por fontes de energia que não gerem emissões de carbono. De acordo com um especialista do setor, “as empresas de energia estão se beneficiando de um aumento em grande escala na demanda de operadores de data centers”.

Entretanto, o passado da Usina Three Mile Island é controverso. O acidente nuclear de 1979 na Unidade 2 ainda é lembrado como um dos piores desastres do setor nos EUA, resultando sobretudo em preocupações duradouras sobre a segurança das operações nucleares.

Além disso, a discussão sobre o uso de energia nuclear como solução sustentável é complexa. A Microsoft e outros líderes do setor, como Sam Altman, CEO da OpenAI, defendem a energia nuclear como resposta às crescentes necessidades de energia. No entanto, críticos argumentam que a dependência de qualquer fonte de energia não renovável pode comprometer os objetivos ambientais globais.

Resposta do Mercado e da Comunidade

O anúncio do acordo entre a Microsoft e a Constellation resultou em uma valorização das ações da Constellation, que subiram 13% no início do pregão. Contudo, a comunidade energética está dividida sobre a adequação desses acordos. Um contrato semelhante entre a Talen Energy e a Amazon, por exemplo, recebe consteação de um grupo de empresas de energia elétrica, que argumentam que isso poderia aumentar os custos para os consumidores e comprometer a confiabilidade da rede elétrica.

Embora a Microsoft garantiu que sua operação de data center recebe alimentação de uma fonte de energia “praticamente livre de carbono”, as preocupações sobre o uso intensivo de energia para servidores de IA impactam a rede elétrica e as comunidades locais.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.