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Zuckerberg admite pressão do governo Biden para censurar conteúdos sobre COVID-19: um alerta sobre liberdade de expressão

por Rafael Cavacchini Publicado em 27/08/2024
Zuckerberg admite pressão do governo Biden para censurar conteúdos sobre COVID-19: um alerta sobre liberdade de expressão

Recentemente, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, fez uma revelação que reacendeu debates sobre censura e liberdade de expressão nas redes sociais. Em uma carta enviada ao presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Estados Unidos, Jim Jordan, Zuckerberg admitiu que sua empresa, controladora do Facebook, foi pressionada pelo governo Biden para censurar determinados conteúdos, especialmente em relação à COVID-19

Além disso, Zuckerberg revelou que a Casa Branca também solicitou censura de conteúdo sobre o caso do laptop de Hunter Biden. Essas revelações trouxeram à tona preocupações sobre o papel das grandes empresas de tecnologia na moderação de conteúdo e sua relação com o governo.

Pressões sobre a COVID-19: censura até mesmo contra conteúdos de humor

Zuckerberg detalhou que, em 2021, altos funcionários do governo Biden e da Casa Branca exerceram pressão constante para que a Meta censurasse certos conteúdos sobre a COVID-19. Essa censura não se limitou a desinformação, mas também incluiu postagens humorísticas e satíricas. De acordo com Zuckerberg, “no final das contas, foi nossa decisão remover ou não o conteúdo, e somos donos de nossas decisões, incluindo as mudanças relacionadas à COVID-19 que fizemos em nossa aplicação na esteira dessa pressão.”

Além disso, o CEO da META reconheceu que a pressão do governo estava equivocada. Posteriormente, ainda lamentou que a empresa não foi mais clara sobre essa interferência. Segundo Zuckerberg, “acredito que a pressão do governo estava errada, e lamento que não tenhamos sido mais francos sobre isso.”

A polêmica do laptop de Hunter Biden e o espectro da desinformação

Além das questões sobre a COVID-19, Zuckerberg também abordou a polêmica em torno do laptop de Hunter Biden. Em outubro de 2020, pouco antes das eleições presidenciais, o New York Post publicou uma reportagem alegando corrupção envolvendo a família Biden, baseada em informações contidas no laptop de Hunter. Segundo Zuckerberg, na época, o FBI havia alertado a Meta sobre “uma potencial operação de desinformação russa” relacionada à família Biden e à Burisma, empresa de energia ucraniana com a qual Hunter tinha vínculos.

Censura ou proteção? Zuckerberg admite pressão para controlar conteúdos sobre COVID-19 e Hunter Biden. Foto: Divulgação

Em resposta a essas advertências, a Meta optou por rebaixar temporariamente a distribuição da reportagem enquanto aguardava a verificação dos fatos: “Naquele outono, quando vimos uma matéria do New York Post relatando alegações de corrupção envolvendo a família do então candidato presidencial democrata Joe Biden, enviamos a matéria para verificadores de fatos para revisão e a rebaixamos temporariamente enquanto esperávamos por uma resposta”, escreveu Zuckerberg. Mais tarde, a reportagem do Post se mostrou verdadeira, e Zuckerberg reconheceu o erro. De acordo com o CEO da Meta, “desde então, ficou claro que a reportagem não era desinformação russa e, em retrospecto, não deveríamos ter rebaixado a história.”

Outros casos de censura e a postura das big techs

As revelações de Zuckerberg são parte de um cenário mais amplo de crescente preocupação com a censura e a influência das big techs em questões políticas e sociais. Não apenas a Meta, mas também outras plataformas como Twitter e Google, enfrentam escrutínio por suas políticas de moderação de conteúdo. A investigação liderada por Jim Jordan busca entender até que ponto o poder executivo colaborou com essas empresas para suprimir ou restringir certos tipos de discurso a pedido do governo. O fato pode ser interpretado sobretudo como uma violação da Primeira Emenda dos Estados Unidos.

Zuckerberg garantiu ao Comitê Judiciário que a Meta adotou medidas para evitar que episódios de censura como esses se repitam. De acordo com o CEO da Meta, “mudamos nossas políticas e processos para garantir que isso não aconteça novamente – por exemplo, não rebaixamos mais coisas temporariamente nos EUA enquanto esperamos por verificadores de fatos.”

Censura nas redes: Zuckerberg admite pressão da Casa Branca para controlar informação. Foto: Divulgação

Além disso, Zuckerberg afirmou que não planeja investir mais US$ 400 milhões para ajudar a financiar eleições locais. Trata-se sobretudo de uma resposta às críticas sobre o impacto do financiamento privado em processos eleitorais. Segundo Zuckerberg, “meu objetivo é ser neutro e não desempenhar um papel de uma forma ou de outra — ou mesmo parecer estar desempenhando um papel. Então, não planejo fazer uma contribuição semelhante neste ciclo.”

As confissões de Zuckerberg sobre as pressões enfrentadas pela Meta são um lembrete das complexas interações entre governo e grandes plataformas de tecnologia. As tentativas de censura, mesmo que em nome de proteger o público de desinformação, levantam questões fundamentais sobre a liberdade de expressão. Além disso, também questionam a integridade das informações compartilhadas em plataformas digitais.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.