Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.

Trajetória do contratorpedeiro brasileiro Juruá, desde sua construção e serviço na Marinha do Brasil até seus feitos heroicos sob a bandeira britânica

por Jefferson S Publicado em 20/05/2024
Trajetória do contratorpedeiro brasileiro Juruá, desde sua construção e serviço na Marinha do Brasil até seus feitos heroicos sob a bandeira britânica
Trajetória do contratorpedeiro brasileiro Juruá
Trajetória do contratorpedeiro brasileiro Juruá – Reprodução IWM

A trajetória do contratorpedeiro brasileiro Juruá é uma narrativa notável de inovação e bravura naval. Construído na Grã-Bretanha, o Juruá foi inicialmente destinado à Marinha do Brasil, mas acabou servindo à Marinha Real Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, destacando-se em várias ações heroicas.

Nos anos 1930, a Marinha Brasileira enfrentava desafios significativos. Enquanto as forças navais da Argentina e do Chile se modernizavam, o Brasil não adquiria novos cruzadores há mais de 20 anos e contratorpedeiros há mais de uma década.

Para reverter essa defasagem, o Brasil buscou colaboração com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em 1937, com o apoio dos EUA, iniciou a construção de três contratorpedeiros da classe Marcílio Dias e negociou com a Grã-Bretanha a compra de seis novos contratorpedeiros, formando a classe Juruá, baseada nas classes G e H britânicas.

A construção dos navios da classe Juruá começou em 1939. No entanto, com o início da Segunda Guerra Mundial, a Marinha Real Britânica requisitou todos os navios dessa classe. Para manter boas relações diplomáticas, a Grã-Bretanha compensou o Brasil pelos navios e forneceu os projetos para que o Brasil pudesse construir contratorpedeiros da classe Acre.

O Juruá, renomeado HMS Harvester, foi comissionado em maio de 1940, equipado com armamentos poderosos e uma velocidade impressionante de 36 nós.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o HMS Harvester se destacou em várias operações. Participou da evacuação de Dunkirk, resgatando mais de 2.000 soldados aliados. Em outubro de 1940, junto com o HMS Highlander, afundou o submarino alemão U-32. O Harvester foi modernizado em 1942, recebendo novos armamentos antiaéreos e antisubmarinos, além de um sistema de radar avançado.

Em março de 1943, enquanto escoltava um comboio para Liverpool, o Harvester enfrentou nove submarinos alemães. Após afundar o U-444, foi atingido e incapacitado pelo U-432, que também foi afundado. Infelizmente, o Harvester não sobreviveu ao confronto, resultando na perda de 149 tripulantes.

Apesar de sua destruição, a história do contratorpedeiro brasileiro Juruá, também conhecido como HMS Harvester, permanece um testemunho de coragem e competência naval, inspirando gerações futuras da Marinha do Brasil.

Jefferson S

Jefferson S

Ex-militar das Forças Armadas com experiência em Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva (Sebrae-RJ) e certificado como especialista de investimentos pela ANCORD, tendo atuado nos maiores escritórios da XP investimentos. Analiso e produzo conteúdos para a internet desde 2025, meu primeiro blog foi o "bizu de militar", onde passava dicas para os recrutas no Exército. Atuo na Sociedade Militar trazendo análises e conteúdos relacionados a Geopolítica, Tecnologia militar, Industria de Defesa e Inteligência Artificial.