Propina de milhões, fraude em licitação e sobrepreço: Militares e empresários são denunciados por esquema em hospital naval

Dois oficiais militares foram denunciados pela Procuradoria de Justiça Militar no Rio de Janeiro por possível envolvimento em fraudes em hospitais militares da Região.
A maioria das denúncias está relacionada ao Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD). Lá foi identificado esquema e cobrança de propina de fornecedores de material médico-hospitalar, confirmado em acordos de colaboração premiada firmados com alguns dos denunciados.
Na prática, as licitações eram feitas com pré-requisitos que só podiam ser cumpridos por determinados fornecedores escolhidos previamente, afastando a concorrência de empresas que não participavam do esquema.
Dessa forma, o material médico-hospitalar, em especial stents, era adquirido com sobrepreço e cobrança de propina de 10% sobre o valor das faturas devidas às empresas. Stents são aqueles pequenos tubos que servem para ser colocados no interior de uma artéria para prevenir ou evitar a obstrução do fluxo sanguíneo.
Segundo a denúncia, os empresários que venceram os processos licitatórios por meio fraudulento fizeram pagamentos de R$ 517 mil e R$ 346 mil aos 2 oficiais médicos envolvidos. Os valores não estão atualizados. Um dos cônjuges da militar denunciada também recebeu pagamento.
A mesma oficial médica já foi denunciada em outro processo por conduta criminal idêntica. Ou seja, fraude em licitações e propina. Ela teria recebido cerca de R$ 246 mil nesse outro crime.
Os 2 oficiais militares e o cônjuge da militar responderão pelos crimes de corrupção passiva. Já os 2 empresários serão processados por corrupção ativa.
Capitão também foi denunciado
Outra fraude em licitação identificada no HNMD envolve um capitão de fragata, que facilitava o pagamento aos fornecedores pelos produtos médico-hospitalares vendidos.
Os acordos de colaboração premiada também foram importantes nesse caso para demonstrar a existência do esquema.
De acordo com as investigações, o militar recebeu de 2 empresários mais de R$ 180 mil para agilizar os trâmites. Assim como nas demais denúncias, ele será julgado por corrupção passiva e os empresários por corrupção ativa.