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‘LGBT internacional’ vai para à lista negra de grupos considerados extremistas na Rússia

por Rafael Cavacchini Publicado em 22/03/2024
‘LGBT internacional’ vai para à lista negra de grupos considerados extremistas na Rússia

De acordo com autoridades russas, a partir dessa sexta-feira, 22 de março, o que chamam de “movimento LGBT internacional” passa a constar na sua lista de grupos terroristas e extremistas.

A implicação dessa ação, no entanto, não ficou imediatamente clara. O órgão de vigilância Rosfinmonitoring tem o poder de congelar contas bancárias de entidades específicas mencionadas na lista, mas não nomeou nenhuma pessoa ou organização em seu site até o momento.

Rússia adiciona ‘movimento LGBT internacional’ à lista negra de grupos considerados extremistas pelo país. Foto: Reprodução

O Supremo Tribunal da Rússia declarou o movimento como “extremista” em Novembro passado, sem dizer a quem se referia. No entanto, o país proibiu de fato o ativismo LGBTQ+ em todo o país.

Ação é condizente com recentes políticas do Kremlin

O Kremlin vem tomando uma atitude conservadora desde que lançou a sua ofensiva na Ucrânia há dois anos. Para os russos, o conflito virou um verdadeiro campo de batalha contra o Ocidente e suas ideias.

A Rússia proibiu o que chama de “propaganda gay” entre adultos em 2022, estendendo uma lei anterior que já a proibia entre menores. Isso baniu de vez qualquer representação de “relações sexuais não tradicionais” em público e nos meios de comunicação social.

Um tribunal russo ordenou na última quarta-feira que dois funcionários de um bar gay fossem mantidos em prisão preventiva, acusando-os de organizar uma “organização extremista”, o primeiro caso deste tipo após a decisão do Supremo Tribunal.

Anteriormente, Russia já havia proibido mudanças de gênero

Em julho de 2023, a câmara alta do parlamento russo aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que proíbe os procedimentos de afirmação de gênero.

A medida visava ampliar o esforço do Kremlin para proteger o que considera serem os valores tradicionais do país. O projeto de lei proíbe sobretudo quaisquer “intervenções médicas destinadas a mudar o sexo de uma pessoa”, bem como o seu gênero, em documentos oficiais e registros públicos.

Ativistas em Madrid protestam contra as violações dos direitos LGBT na Rússia. Foto: Wikimedia Commons

A única exceção é a intervenção médica para tratar anomalias congênitas. Também anula casamentos em que uma pessoa “mudou de gênero”, além de proibir pessoas trans de se tornarem pais adotivos.

Os legisladores retratam a medida sobretudo como uma proteção à Rússia da “ideologia ocidental anti-família”, com alguns descrevendo a transição de gênero como “puro satanismo”.

A repressão da Rússia às pessoas LGBTQ+ começou há uma década, quando Putin proclamou pela primeira vez um foco nos “valores familiares tradicionais”, apoiados pela Igreja Ortodoxa Russa.


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Fonte: Le Monde / AFP

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.