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O mistério por trás da nova postura de Macron em relação à guerra da Ucrânia

por Rafael Cavacchini Publicado em 28/03/2024 — Atualizado em 31/03/2024
O mistério por trás da nova postura de Macron em relação à guerra da Ucrânia

Logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, o presidente francês Emmanuel Macron procurou ajudar a resolver o conflito diplomaticamente. Durante o primeiro verão da guerra, Macron reiterou que era importante que Moscou não fosse humilhada e que fosse estabelecida sobretudo uma ordem de segurança europeia que incluísse a Rússia.

Mas desde o ano passado, Macron vem mudando drasticamente sua postura diplomática para uma política externa mais agressiva em relação à Putin.

Presidente francês Emmanuel Macron dobra aposta contra a Rússia, sugerindo o envio de tropas para a Ucrãnia. Foto: Divulgação

Durante uma conferência em Paris, o presidente francês disse que o envio de tropas ocidentais para combater a Rússia na Ucrânia não poderia ser descartado. A declaração irritou o presidente russo, Vladmir Putin. Posteriormente, ao discursar em Praga, no dia 5 de março, Macron declarou que os europeus não podem ser “covardes” quando se opõem a Moscou.

O que explica a mudança de postura de Macron?

As medidas de Macron ocorrem num momento em que a Ucrânia enfrenta sérios problemas no campo de batalha. Além disso, o apoio militar dos Estados Unidos sofre com atrasos.

Embora o principal objetivo da Ucrânia seja manter-se firme na guerra, o lado de Kiev carece de mão-de-obra, pois luta contra um país com uma população três vezes maior que a sua. A escassez de munições é outro desafio significativo.

Há preocupações de que estas condições encorajem Putin a agir com mais confiança, não só na Ucrânia, mas também, possivelmente, na Moldávia, no Sul do Cáucaso e no Sahel.

Entretanto, Paris também se preocupa cada vez mais com a guerra híbrida da Rússia, sobretudo cibernética e de propaganda, que alegadamente se intensificou contra a França e outros membros da União Europeia. Além disso, Macron quer avançar a sua visão para a autonomia estratégica da Europa em relação a Washington, demonstrando a capacidade da Europa para apoiar Kiev sem contar com os EUA.

Sem dúvida, as preocupações sobre uma segunda presidência de Trump despertaram os europeus para o fato de que precisam fazer mais pela sua própria defesa”, disse à Al Jazeera Artin DerSimonian, investigador do programa Eurásia do Quincy Institute for Responsible Statecraft. “Essa constatação em todo o continente contribui para o impulso de Macron pela autonomia estratégica.”


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.