“Forças Armadas devem submeter-se ao poder civil”, diz Tenente-Brigadeiro presidente do STM

O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Tenente-Brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo concedeu à Agência Pública uma entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira, 22 de janeiro.
Nela Camelo fala sobre a posição das Forças Armadas e o comportamento dos generais no 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, as Forças Armadas devem se submeter ao poder civil e os “acampamentos golpistas” ocorridos em 8 de janeiro foram tolerados por orientação dos chefes militares
O Tenente-Brigadeiro disse que o episódio do ataque ao Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023, que foi organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, demonstrou a importância de as Forças Armadas estarem subordinadas ao poder civil.
“Ficou bem claro que os acampamentos foram tolerados por orientação dos chefes [militares], porque o governo [Bolsonaro] entendia que aquilo era um movimento pacífico”, disse Camelo. “Mas não podemos ver o 8 de janeiro isoladamente. Temos de ver que, na história, não é papel dos militares atuar na política.”
O presidente do STM afirmou que as Forças Armadas têm um papel importante para o país, que é defender a soberania nacional. No entanto, ele disse que as Forças Armadas não devem se envolver em atividades políticas.
“As Forças Armadas têm que estar subordinadas ao poder civil”, disse Camelo. “Até comentei noutro dia: qual foi o único ministério que não teve uma equipe de transição? O Ministério da Defesa. Isso porque temos nossas competências bem definidas pela Constituição.”
Camelo disse que o governo Bolsonaro promoveu a mistura de militares e política, o que foi um erro que deve ser evitado no futuro.
“Nós vimos que isso não é saudável”, disse o militar. “Não é só a sociedade brasileira que não aceita mais isso: o mundo não aceita mais aventuras de ditadura. Nenhum órgão multilateral aceita isso.”
O presidente do STM disse que o episódio do 8 de janeiro foi uma “lição importante” para as Forças Armadas.
“Foi uma lição importante, mas agora vamos olhar para frente e não cometer os erros do passado”, concluiu.
Fonte: Agência Pública