Forças Armadas Brasileiras têm um dos piores índices de investimento do mundo: apenas 5% do orçamento

No dia 16 de janeiro, quinta-feira, a Folha de São Paulo divulgou uma pesquisa baseada em dados do Portal da Transparência. A pesquisa revelou que as Forças Armadas brasileiras gastam cerca de 85% do orçamento para despesas com pessoal. Isso inclui militares ativos, inativos e pensionistas. Essa escolha tem impactado negativamente a busca do Brasil por modernização orçamentária, distanciando-se das metas estabelecidas com base no modelo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Ao analisar os números, percebe-se que apenas 5% das despesas totais foram destinadas a investimentos, totalizando R$ 5,8 bilhões, enquanto 10% foram alocados para custeio, representando R$ 11,3 bilhões. Em contraste, os gastos com pensões militares atingiram a cifra de R$ 25,7 bilhões, quatro vezes mais do que o investido em melhorias e equipamentos.
Comparando a abordagem brasileira com a realidade dos 29 países-membros da Otan, observa-se uma disparidade significativa. Apenas nove nações apresentam orçamentos em que mais de 50% são destinados a pessoal, sendo que apenas três países (Portugal, Canadá e Bélgica) investem menos de 20% em melhorias.
Em 2023, as despesas com salários dos militares ativos e inativos alcançaram R$ 32,4 bilhões e R$ 31,2 bilhões, respectivamente, sendo o Exército responsável pela maior parcela, consumindo R$ 47,3 bilhões. Apesar dos esforços de redução de efetivo implementados desde 2019 nas três Forças, as medidas ainda não foram suficientes para reverter o cenário de baixos investimentos.
Culpando o baixo orçamento, os comandantes das Forças Armadas passaram a defender a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que fixe o orçamento do Ministério da Defesa em 2% do PIB, seguindo o padrão estabelecido pela Otan. No entanto, o projeto enfrenta resistência no governo.
Em comparação com outros países, o Brasil é um dos que menos investe em Defesa. Em 2023, o país gastou 1,2% do PIB com Defesa, enquanto a média dos países da Otan é de 2,3%.