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Exército venezuelano “se rebela contra a elite política que governa a Guiana”

por JB Reis Publicado em 04/12/2023
Exército venezuelano “se rebela contra a elite política que governa a Guiana”

A Agência Brasil informou que os eleitores venezuelanos aprovaram, em referendo realizado ontem (3), a incorporação do território de Essequibo, região que pertence oficialmente à Guiana desde 1899.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, 10,5 milhões de eleitores participaram, dos quais 95,93% aceitaram incorporar oficialmente Essequibo ao mapa do país e conceder cidadania e documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território. Apenas 4,07% discordaram.

A região de Essequibo representa cerca de dois terços do atual território da antiga colônia inglesa.

O território de 160 mil km² com uma população de 120 mil pessoas é alvo de disputa pelo menos desde 1899, quando esse espaço foi entregue à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época.

A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”.

O ministro de Obras Públicas da Guiana, Deodat Indar – na foto, com a bandeira guianense, em “marcha patriótica” pela região de Essequibo – ressaltou que “nenhuma anexação e declaração do território da Guiana será tolerada pelo governo e pelo povo da Guiana“.


LULA ACERTA “PREVISÃO”

Também ontem, domingo, 3 de dezembro, em resposta a perguntas de jornalistas, o Presidente Lula disse que “provavelmente o referendo vai dar o que Maduro quer“, tendo em vista o “chamamento ao povo“. 

Ainda segundo a imprensa estatal, o Brasil aumentou a presença militar na fronteira norte do país em meio ao aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana.

O Ministério da Defesa disse, em nota, que tem acompanhado a situação e que “ações de defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país, promovendo maior presença militar”.

Precisamos ter cuidado. É como se seu vizinho quisesse invadir outra casa usando a sua. O que não podemos permitir é que a Venezuela, querendo entrar na Guiana, use nosso território. Estamos atentos. A Defesa não vai permitir que use território brasileiro para outro país entrar em briga”, disse o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em entrevista à CNN.

O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares.

Alguns dias antes da votação sobre Essequibo, o Ministro da Defesa da Venezuela confirmou – em vídeo abaixo – que após o referendo do dia 3 de dezembro, iria colocar em ação as estratégias e os meios necessários para a invasão da Guiana.

 

JB Reis

JB Reis

Militar da reserva, articulista da Revista Sociedade Militar. https://linktr.ee/veteranistao