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Rússia pede que países devolvam armas compradas anteriormente; Brasil também é solicitado a fazer devolução

por Rafael Cavacchini Publicado em 13/11/2023
Rússia pede que países devolvam armas compradas anteriormente; Brasil também é solicitado a fazer devolução

A Rússia está tentando recuperar algumas dos armamentos que exportou para outros países nas últimas décadas. Paquistão, Egito, Bielorrúsia e até mesmo o Brasil receberam solicitações para devolver suas aquisições militares ao governo russo.

Mi-35 Hind russo, ou AH-2 Sabre, em operação pela Força Aérea Brasileira. Foto: Sargento Rezende / FAB

De acordo com fontes obtidas pelo The Wall Street Journal, em abril passado uma delegação de autoridades russas visitou o Cairo, no Egito. O objetivo, segundo as fontes, seria solicitar ao presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi que devolvesse mais de uma centena de motores de helicópteros russos que Moscou precisava para o seu esforço na guerra contra a Ucrânia.

O presidente egípcio concordou, com as entregas de cerca de 150 motores começando antes do final desse ano.

Rússia deseja recuperar iniciativa no campo de batalha

Ainda de acordo com o The Wall Street Journal, há um enorme esforço da Rússia para procurar ajuda dos seus clientes de longa data. Isso porque diversos países compraram aeronaves, mísseis e sistemas de defesa aérea russos durante décadas, o que colocou Moscou como o segundo maior exportador de armas do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Por conta disso, há uma grande quantidade de equipamentos russos espalhados pelo globo, o que despertou o interesse da Rússia em comprá-los de volta.

Além disso, o governo russo sacrificou parte do seu lucrativo “negócio de exportação de armas” por causa da guerra. Em particular, armas destinadas à Índia e à Arménia estão agora sendo enviadas para a zona de conflito na Ucrânia, de acordo com as mesmas fontes.

O The Wall Street Journal, no entanto, observa que muitos dos esforços de Moscou para comprar de volta as armas russas ocorrem no momento em que o Kremlin resistiu a uma grande ofensiva das forças ucranianas no leste e no sul do país. Com essa ofensiva agora desacelerando, a Rússia está tentando retomar a iniciativa em campo de batalha, embora não esteja claro se os novos suprimentos darão a Moscou os recursos necessários para intensificar seus ataques.

Brasil recusou a oferta

Contudo, em um desdobramento intrigante, o governo brasileiro recusou o pedido da Rússia para a recompra de 12 motores Klimov TV3-117, que equipavam os helicópteros Mi-35 Hind da Força Aérea Brasileira, a FAB. Apesar das relações normais com Moscou, o Brasil optou por manter uma posição de neutralidade no conflito em curso.

AH-2 Sabre, ou Mi-35m, em demonstração no ano de 2020. Foto: FAB / Divulgação

A confirmação dessa decisão foi feita por fontes no Itamaraty à renomada jornalista Luciana Magalhães, do The Wall Street Journal. Surpreendentemente, apenas o Egito concordou em vender de volta à Rússia os motores de helicóptero, especificamente os modelos Mi-8/Mi-17, totalizando 150 unidades. Belarus, por receios de uma possível invasão da Polônia, e o Paquistão, alinhado com a postura neutra do Brasil, optaram por não aceitar a proposta.

Até o momento, evidências fotográficas confirmam a perda de 13 helicópteros Hind por parte da Rússia no conflito, enquanto a Ucrânia registra a perda de pelo menos 5 aeronaves desse tipo. 

Na FAB, os Hind são chamados de AH-2 Sabre. Os Sabres brasileiros atualmente não estão voando e encontram-se parcialmente desmontados, em Lagoa Santa, Minas Gerais.


Revista Sociedade Militar

Fontes: WSJ / Aeroin

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.