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Forças armadas: “ordem mul­tipolar” e as relações entre Brasil e Argentina em tempos de Javier Milei

por JB Reis Publicado em 19/11/2023
Forças armadas: “ordem mul­tipolar” e as relações entre Brasil e Argentina em tempos de Javier Milei

Material publicado no site do Ministério da Defesa sobre relações internacionais pretende resumir a política adotada pelo Estado brasileiro no cenário atual e acaba dando indicações de como deve ser a “política externa” das Forças Armadas Brasileiras em relação aos militares das Forças Armadas da Argentina. (*)

A manutenção da estabilidade regional e a construção de um ambiente internacional mais cooperativo, de grande interesse para o Brasil… (*)

Segundo a comunicação, a ordem mul­tipolar, caracterizada pela coexistência de potências tradicionais e potências emergentes, traz consigo novas oportunidades e desafios às nações no plano da defesa.

Embora o diálogo, a cooperação, a ênfase no multilateralismo e o respeito ao direito interna­cional continuem a ser atributos importantes e desejáveis, a recomposição do sistema em base multipo­lar não é, por si só, suficiente para garantir que, no atual quadro de transição, prevaleçam relações não conflituosas entre os Estados.

Nesse contexto, o Brasil vê em sua política de defesa e em sua vocação para o diálogo componentes essenciais para sua inserção afirmativa e cooperativa no plano internacional.

As ações internacionais do Ministério da Defesa se dão por meio de:

  • atuações em missões de paz;
  • de iniciativas em parceria com outros órgãos federais, no caso da política externa e Defesa;
  • das cooperações Internacionais;
  • da participação em fóruns internacionais multilaterais; e
  • de parcerias e acordos bilaterais.

LOS HERMANOS, TODOS

O Brasil desenvolve parcerias estratégicas com nações de todos os continentes, em diferentes áreas de atuação da Defesa. As atividades abrangem desde o intercâmbio em escolas militares até discussões importantes sobre segurança internacional, permeando um amplo leque de temas de interesse.

Por meio de parceira com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), diversas ações de cooperação foram empreendidas. O Exército Brasileiro, por exemplo, viabilizou cursos de treinamento regulares para cerca de 90 militares latino-americanos e africanos.

Nesses cursos, oficiais e suboficiais de nações amigas puderam receber conhecimentos específicos da experiência militar brasileira.

No âmbito da Marinha, uma iniciativa de destaque foi o apoio na formação da Marinha de Guerra da Namíbia – cerca de 1,2 militares africanos foram treinados no Brasil pela Força Naval.

Já a Força Aérea Brasileira (FAB) tem mantido há mais de três décadas, com o Paraguai, sua mais antiga missão cooperativa no exterior: a Missão Técnica Aeronáutica Brasileira (MTAB), instalada em 1982.


ARGENTINA

Em agosto deste ano, a Prefeitura Naval da Argentina (órgão vinculado ao Ministerio de Seguridad – o equivalente brasileiro do Ministério da Justiça) participou de reunião do Comando de Operações Marítimas de Proteção da Amazônia Azul (COMPAAz) da Marinha do Brasil.

O objetivo foi discutir questões relacionadas aos sistemas de monitoramento de ambas as Autoridades Marítimas.

Durante o evento, do qual participaram representantes do órgão argentino e o oficial de ligação da Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, foram discutidos temas relacionados à monitorização e controle do tráfego e dos espaços marítimos pertencentes a cada país.

Esta situação contribuirá para que os sistemas SISTRAM e da Guarda Costeira possam partilhar informações de tráfego marítimo de interesse mútuo.

Além disso, com a Argentina, entre muitas outras parcerias e colaborações podemos citar: 

  • Estudos para aprimoramento conjunto do setor de defesa cibernética;
  • Intercâmbio de pessoal em cursos de guerra cibernética;
  • Apoio à operação brasileira na Antártica;
  • Entendimentos para o desenvolvimento de um VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) regional, com a definição conjunta das características do equipamento;
  • Desenvolvimento do projeto KC-390, que irá substituir os aviões Hércules e tem na indústria argentina importante fornecedor de peças e componentes na fabricação da aeronave;
  • Interesse argentino pelo blindado Guarani, novo carro de combate brasileiro; entre outras.

Texto de JB Reis – Revista Sociedade Militar
(*) Trecho alterado pelo editor

 

JB Reis

JB Reis

Militar da reserva, articulista da Revista Sociedade Militar. https://linktr.ee/veteranistao